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A casa de bonecas de Melanie Martinez

1 de março de 20175 min read

Quem chegar ao Autódromo de Interlagos no segundo dia do festival, 26 de março, provavelmente dará de cara com um dos públicos mais heterogêneos da história do festival. Recheado de atrações que vão do indie rock dos Strokes até o Future House de Oliver Heldens, o festival tem em seu line up uma artista que tem tudo para chamar a atenção do público, Melanie Martinez.

Não se trata só de música. Melanie é muito mais que isso. O visual exótico, o cabelo que se tornou moda dividido em duas cores são só parte de um cenário construído minuciosamente para uma artista que se tornou diva pop sem a menor intenção de ser intangível para seu público.

Descoberta em 2012 durante a terceira edição do tradicional The Voice, da NBC, evocou Britney Spears e chamou a atenção do corpo de jurados formados por  Adam Levine, Blake Shelton e Cee Lo Green. Foi comparada com Bjork e acabou sendo eliminada na reta final do programa depois de ter o vocalista do Maroon 5 como técnico. Poderia terminar ali, mas mal havia começado.

O contrato com a Atlantic Records aconteceu naturalmente e deu base para seu primeiro lançamento, dois anos depois, com Dollhouse. E a partir disso a vida de Melanie passou realmente a acontecer dentro de seu álbum, uma casa de bonecas.

Com Dollhouse na praça a conclusão foi rápida. Melanie não parece Bjork e muito menos Britney Spears. Foi o suficiente para chamar para si as atenções dentro do concorrido e tão homogêneo mercado pop americano. Com letras ácidas sobre problemas familiares e crises de personalidade típicas de qualquer adolescente trouxe todos para dentro de sua casa. A casa de bonecas.

O cenário do videoclipe do primeiro single do disco, Dollhouse, serviu de base para sua primeira turnê de divulgação, que ainda tinha como destaque a faixa Carousel, que alcançou relativo sucesso por ter sido incluída em um teaser da série American Horror Story.

Musicalmente Melanie tem a doçura da voz pop de Lana Del Rey e Lorde servindo de cama para suaves batidas de hip hop, uma mistura leve que sempre deixa em primeiro plano a performance da jovem cantora. E no palco essa mistura definitivamente não é só música, mas um grande musical que transita por uma mistura de conto de fadas com freak show.

O lançamento de Cry Baby, seu primeiro disco completo, aconteceu um ano depois, em meados de 2015, e reforçou ainda mais esse conceito antagônico de modernidade com batidas obscurss de hip hop e trap com a inocência de um cenário infantil de um quarto de criança. E deu certo.

Essa miscelânea paradoxal fez de Melanie uma das artistas mais intrigantes de 2015.  Com músicos que se vestem como brinquedos infantis e um show que em grande parte do tempo se assemelha a um grande sarau, a cantora americana vem transformando suas apresentações em uma catarse intrigante tanto para seu séquito público como para quem nunca teve a menor ideia do que se trata seu trabalho.

Diferente do megalomaníaco universo da música pop, Melanie caminha na contramão enquanto se prepara para gravar seu segundo disco. Apostando em uma atmosfera intimista, a cantora americana transita entre universos distintos e um público que se inspira profundamente em suas letras, compostas em sua maioria a partir de experiências próprias, assim como em seu visual. Uma mistura de Furry fandom (subcultura onde jovens se vestem como pelúcias apresentando personalidade e características humanas) e diva pop formadora de opinião.

E no Lollapalooza mais colorido dos últimos anos, as luzes escuras do palco de Melanie Martinez tem tudo para surgirem diferente, provavelmente como um conto de fadas que tem seu início dentro de uma madrugada escura.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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