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A maioridade de Samuca e a Selva

5 de dezembro de 20244 min read

Com o EP “O Verão dos Amantes”, coletivo rompe a barreira de uma década de história, estabelece sonoridade e acerta ao falar de amor e sexo com a liberdade que de quem cresceu sabendo como soltar a pélvis abraçando a música pop.

Desde que lançou o ótimo álbum Madurar, em 2016, o coletivo Samuca e a Selva soube como poucos calibrar sua identidade a cada lançamento. Estabeleceu uma série de hits, vem furando gradualmente a bolha da cena alternativa e encaixou em seu último álbum, Ditados Populares Dançantes (2022), seu maior sucesso, a espetacular Feitiço. Não por acaso, a faixa pode ser ouvida em rádios de todo país, o que é bastante substancial em tempos onde a mídia musical segue tão pluralizada.

Nessa caminhada, o grupo abraçou influências e aprendeu muito bem a fórmula para fazer dançar. E mais que isso, soube dialogar sobre assuntos que para muitos soa como um terreno pantanoso para se perder a mão, o sexo. No caso de Samuca e a Selva, sexo é amor, é gostar. E o primeiro single de seu EP, A gente se fez gozar, exalta isso de forma pura que se torna o grande trunfo das quatro faixas de seu novo EP.

Com cara de disco cheio, O Verão dos Amantes é um trabalho realmente bonito.  Sabe ser pop e dançante sem abandonar as raízes do grupo, orbitando sempre o mesmo tema sem soar piegas. Ao fim de faixas como A Mando do Amor, é impossível não cantarolar seu refrão e cantarolar o naipe de metais tão bem desenhado no repertório do grupo, assim como a guitarra de Allan Spirandelli.

Cada faixa do EP da Selva funciona como uma trilha sonora pra pista de dança. E ao arrastar um ótimo público praticamente em cima da hora para o lançamento do EP no SESC Pompeia,  que oficialmente nem havia sido lançado, a trupe já sentiu que cada uma das faixas do novo projeto certamente permeará seu setlist de forma definitiva nos próximos meses, que devem trazer ainda mais novidades na celebração de uma década de história.

Fato é que ainda soa absurdo que nomes como Samuca e a Selva sigam levando um público consolidado a cada apresentação nos quatro cantos do país sem se tornar parte dos tantos line ups que inflam o calendário nacional, especialmente em São Paulo, dando a sensação de que a música popular vem deixando de ser popular ao não se reciclar e falando somente com a mesma bolha.

Com O Verão dos Amantes, Samuca e a Selva chega finalmente à maioridade. Com capacidade de executar um show de quase 2 horas cantado a plenos pulmões, o grupo estabelece sua personalidade, fala de amor e sexo sem perder a inocência de quem cresceu dançando sozinho em casa. Chegou a hora de dançar na pista com todos ao lado.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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