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A volta por cima de Sharon Jones

4 de fevereiro de 20146 min read

Seguramente um dos nomes mais elogiados após o chamado revival da soul music na virada do século, a cantora americana Sharon Jones sempre teve no sangue um DNA que já havia aproximado seu talento desse tipo de música muitos anos antes, ainda na década de 70, quando cantava em igrejas e já mostrava desenvoltura suficiente para captar a essência do funk e da soul music.

Dona de uma voz ímpar e um swing capaz de colocar qualquer um pra dançar, Sharon só viu sua carreira começar a acontecer de verdade durante a década de 90, quando se juntou ao Soul Providers e trabalhou em um álbum composto pelo lendário James Brown para o veterano cantor Lee Fields, onde teve a oportunidade de colaborar como backing vocal e ser notada de forma mais efetiva. O trabalho resultou em inúmeras participações nos projetos realizados pela Desco Records, gravadora que foi fundamental para sua formação musical e onde reuniu experiência necessária para o maior salto de sua carreira posteriormente.

Foram diversos registros realizados, mas o verdadeiro pulo do gato aconteceu durante a virada do século, quando Sharon finalmente se tornou a verdadeira bandleader que seu talento pedia. Agora ao lado do The Dap-Kings, que acabou se formando após a divisão do Soul Providers, a cantora americana estabeleceu residência em clubs europeus e ganhou bagagem suficiente para seu primeiro registro, Dap Dippin’ with Sharon Jones and the Dap-Kings, lançado em 2002 pela Dap Tones, gravadora que tinha em seu núcleo Gabriel Roth e Neal Sugarman, alguns dos idealizadores da extinta Desco Records.

Agora vista como uma realidade no mundo da música, Sharon Jones passou a excursionar pelo mundo e três anos depois lançou Naturally, disco que passou a despertar o interesse de inúmeros artistas pelo mundo, entre eles o da cantora inglesa Amy Winehouse, resultando em uma parceria que acabou sendo crucial para sua carreira.

Conduzida através das mãos do consagrado produtor Mark Ronson, a cantora americana e seu The Dap-Kings foram peça crucial daquele que talvez tenha sido o disco mais importante da soul music inglesa nesse século, o seminal Back to Black de Amy Winehouse, lançado em 2006. A colaboração ajudou ambas as artistas, já que Sharon passou a fazer o mundo da música olhar com maior intensidade para seu talento enquanto a cantora inglesa vivia o auge de sua carreira na mesma época.

De volta aos Estados Unidos, Sharon Jones teve seu primeiro sucesso comercial. Respaldada pela parceria com Amy Winehouse, a cantora nascida na Georgia lançou em 2007 o álbum 100 Days, 100 Nights, disco que contou com a produção de Bosco Mann, um dos fundadores da Daptone Records, e fez com que sua música finalmente tivesse um alcance global, o que ocasionou uma extensa turnê. A consolidação veio com I Learned the Hard Way, disco que foi lançado no Brasil em 2010 e rendeu a primeira passagem de Sharon pelo país, quando se apresentou dentro do BMW Jazz Festival com uma apresentação gratuita no Parque do Ibirapuera. E foi nesse mesmo período que aproveitou para lançar seu quarto álbum, Soul Time!.

No auge da carreira e consolidada como uma das cantoras mais expressivas da atualidade, Sharon Jones enfrentou durante o início de 2013 aquela que seria a maior batalha de sua vida. Diagnosticada com câncer no ducto biliar em estágio inicial, a cantora foi obrigada a se afastar do mundo da música para realizar o tratamento, alterando um planejamento que tinha como principal destaque o lançamento de um novo álbum.

O retorno ao mundo da música aconteceu já em outubro do mesmo ano, após passar por uma cirurgia de retirada de um tumor. Curada, Sharon Jones não exitou em anunciar para o mundo que Give the People What They Want seria lançado no início de 2014, um mês antes de seu retorno aos palcos, que deve acontecer em Nova York no mês de fevereiro. Antes disso, ainda em 2013, a cantora se apresentou durante o 87th annual Macy’s Thanksgiving Day Parade e se mostrou totalmente recuperada.

Hoje com 57 anos, Sharon Jones volta para finalmente caminhar de forma segura rumo ao panteão do soul e do funk, além de colocar novamente nos eixos a renovação do gênero após a virada do século. Distante das polêmicas e disposta a inovar a cada lançamento, faz das dez faixas que compõem Give the People What They Want um seleto grupo de passagens para a década de 60 e 70, conseguindo soar atemporal com sua música e se firmando como uma das mais relevantes artistas da atualidade.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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