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Afterlife e o fim das pistas de dança

16 de fevereiro de 20247 min read

Revolucionária, festa sobe de patamar no Brasil, ganha as arenas e transforma as pistas de dança em uma experiência imersiva visualmente, onde a música acaba se torna coadjuvante e acaba demolindo o conceito de pista de dança como imaginávamos.

Programado para ser realizado em São Paulo pela terceira vez, no dia 24 de fevereiro, o Afterlife, evento criado em 2016 pelo duo Tale of Us, é um caso raro de sucesso não só aqui, mas no mundo. Amparado por projeções que beiram o surreal, o evento vem lotando arenas por onde passa e posicionando a vertente mais melódica do techno como uma das principais da atualidade. Aqui, pela primeira vez, ganha formato outdoor e será realizado em Interlagos. Um gigantismo que só reflete a tendência da festa, uma das maiores da atualidade.

Entender o crescimento do Afterlife é entender o comportamento do público nos últimos anos, não só nas pistas de dança, mas na música como um todo. Cada vez mais dependentes de aparatos visuais, shows vem se tornando experiências cada vez mais sinestésicas. Não basta ouvir, é preciso sentir e fazer parte do evento, que o diga as apresentações de K-pop e artistas do panteão do pop americano. Mas como fazer isso em uma festa de 8 horas? O Tale of Us entendeu bem a missão.

Conceitual, o Afterlife não possui segredos em sua estrutura. Um telão de tamanho monumental (adaptado tanto no formato horizontal como vertical) tem como objetivo levar o público para uma jornada em outra dimensão, transcendendo os sentidos. Para isso, animações são produzidas por alguns dos maiores estúdios do mundo, como o IOR50 Studio e o Dexamol. Estamos falando do que há demais moderno em animações tridimensionais, algo só visto no cinema em grandes produções. Dito isso, fica fácil entender o fascínio por uma estrutura tão imensa e intensa. Ok, mas e a música?

Mais que uma festa, o Afterlife é também uma gravadora criada pelo Tale of Us no mesmo ano de 2016. Com foco no techno melódico, vertente marcada por um BPM inferior aos 150 tradicionais do techno de Detroit, esse tipo de som normalmente gira em torno de 120 ou 125 batidas por minuto, caindo como uma luva para o ambicioso projeto da dupla formada por Carmine Conte e Matteo Milleri.

Amparados por projeções e luzes, a dupla emergiu na cena eletrônica e rapidamente ganhou espaço com um evento que se diferencia notoriamente de qualquer aspecto visto nas tradicionais raves ou festas em geral. Esqueça a experiência de dançar com a cabeça baixa e no escuro, no Afterlife, o DJ serve como elemento catalisador de uma viagem muito mais visual que sonora. Repleto de drops, aquelas famosas viradas que normalmente acontecem depois de longas introduções, o roteiro de uma edição do Afterlife tende a deixar para o seu público muito mais lembranças para serem registradas. Não por acaso, se tornou marca registrada de suas performances um caráter quase hipnótico frente ao público, esperando o próximo passo do vídeo. Isso se tornou ainda mais evidente com o lançamento do álbum Genesys, primeiro trabalho solo de Matteo Milleri.

Com o título de Anyma, o integrante do Tale of Us deu um salto a frente com sua busca por uma experiência imersiva ainda mais completa. Conforme define, “Anyma é a minha autoexpressão criativa, misturando música, arte e realidades imersivas para explorar a próxima fase no reino da consciência”. A cada vídeo publicado em sua conta no instagram, um show de imagens sincronizadas com o som, que serve de trilha sonora para robôs, anjos e fusões só vistas em Hollywood.

Obviamente, o trabalho realizado pelo Tale of Us não é exatamente pioneiro nessa experiência. Seja nas apresentações do Chemical Brothers na época do frenético projeto Don´t Think (2012) ou até mesmo Eric Prydz, que vem ao Brasil com seu surreal projeto Holo, o uso de luzes e vídeos nunca foi tão evidente como no Afterlife, que agora rompe o teto da ARCA, onde foi realizado por duas vezes, e ganha uma versão outdoor, no mesmo espaço onde mega festivais como o Lollapalooza e o The Town acontecem.

Esqueça as pistas de dança como você imaginava. Não olhe para o chão. Tão requisitado quanto a água em festas eletrônicas, celulares são os novos olhos do Afterlife, que agora ganha palco exclusivo no Tomorrowland 2024. Não há dúvidas de que estamos diante de algo revolucionário, se para bem ou para mal, só o tempo vai dizer.

AFTERLIFE SÃO PAULO 2024

Apresentação: 24/02/2023 às 20h00

Abertura dos portões: 18h30

Horário do show: 20h

Local: Autodromo de Interlagos 

Classificação: 18 anos*.

*Sujeito a alteração por Decisão Judicial.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

Tagged In:#Afterlife, #Techno,
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