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Alice Cooper: O monstro improvável do rock

19 de maio de 20255 min read

Ele trocou o álcool pelo golfe, vai à igreja regularmente e está sóbrio há mais de 40 anos — mas ainda é o mestre do horror no rock. Em junho, Alice Cooper desembarca no Brasil, provando que é possível ser um ícone sem perder a alma (nem a maquiagem). Um mergulho no lado mais surpreendente de uma das lendas mais duradouras da música.

Esqueça Marilyn Manson, Rob Zombie, Lordi ou Ghost. Se você é apaixonado por terror e rock, sabe que tudo começou com Alice Cooper. Um dos nomes mais bem-sucedidos da história do gênero, o artista americano retorna ao país com seus 77 anos bem vividos e a proeza de ter conseguido manter intacta a imagem de shock rock que lhe atribuiu, desde os anos 70, a alcunha de um dos mais assustadores nomes do gênero.

E o sucesso para isso passa diretamente pela diferença entre Alice Cooper, seu nome artístico, e a vida de Vincent Damon Furnier, seu nome de batismo. Limpo há mais de 40 anos, o músico americano conseguiu gerir sua vida sem percalços, abraçando uma vida impensável para a maioria dos fãs de sua música.

Disposto a mudar de vida no auge de sua louca trajetória, tornou-se obcecado por golfe e nunca escondeu que essa prática foi responsável por salvá-lo no passado. Ao substituir o vício pelo esporte, passou a praticar todos os dias com a mesma dedicação com que compunha músicas para seus discos. Desde então, participa de competições e se tornou uma referência sobre como a autodestruição pode ser substituída por hábitos saudáveis.

Mais que isso, Alice Cooper nunca escondeu o papel que a religião teve e tem em sua vida. Católico protestante, ironiza quem o questiona ao sempre dizer que “Minha fé é pessoal. O palco é outra coisa. Jesus não teria problema com um show meu”. E, ainda que tenha opiniões conservadoras sobre diversas questões sociais, sempre se distanciou da política para se dedicar totalmente à família, respeitando qualquer posição contrária, o que o levou a ter uma amizade de longa data com nomes como Marilyn Manson e Rob Zombie.

E, ainda que seja conservador no estilo de vida, Alice Cooper sempre foi um libertário na arte. Ao tratar seu palco como um teatro, criou seus personagens como no cinema, sendo capaz de ser guilhotinado e ressuscitado em minutos diante da euforia de seu público.

Alçado à figura de herói por seu público, o artista norte-americano também ocupa esse papel diante de vários outros nomes da música, como Slash, Dave Mustaine e Joe Perry, entre muitos outros. Sem a menor questão de se autopromover por isso, Alice Cooper foi o braço que cada um desses artistas precisou para largar o vício em suas maiores crises. Ao melhor estilo paizão, ofereceu ajuda e sempre ligava para cada um deles para saber como estavam.

Essa conduta tão correta levou Alice Cooper a receber um prêmio inimaginável, dado pela MusiCares (fundação ligada ao Grammy que apoia músicos em reabilitação), quando recebeu o Stevie Ray Vaughan Award justamente por essa contribuição. Para quem não conhece toda a história, o guitarrista de blues também seria uma referência ao se livrar do alcoolismo. Infelizmente, meses depois morreria em um acidente de helicóptero, mas sua história se tornaria inspiradora para diversos músicos, incluindo Alice Cooper.

Além de uma porção de clássicos, Alice Cooper vem ao Brasil com o álbum Road (2023), seu último lançamento, onde conta histórias de sua vida na estrada desde os anos 70. Com a virtuosa Nita Strauss na guitarra, o músico norte-americano está pronto para levar para o palco seu show de horror, que agora você sabe ser ainda mais inspirador por sua história de vida.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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