Acompanhe nossas redes sociais

Now Reading: Chemical Brothers – Pausa para uma reflexão cósmica

Loading
svg
Open

Chemical Brothers – Pausa para uma reflexão cósmica

17 de novembro de 20235 min read

Depois do impecável No Geography, lançado em 2019, revolucionário duo inglês surpreende com outro grande álbum, mas pronto para baixar o sarrafo e admirar a própria história, em um tributo próprio em For That Beautiful Feeling

Para quem acompanha a dupla formada por Ed Simons e Tom Rowlands há praticamente três décadas, ainda é assustador pensar que em um gênero tão mutável como a música eletrônica, seja possível revolucionar algo. Depois de alguns anos oscilando – em especial os álbuns We Are the Night (2007) e Further (2010), e lidando com o boom da EDM – o Chemical Brothers voltou com tudo ao lançar Born in the Echoes em 2015. No seguinte, No Geography (2019), a dupla se mostrou novamente acima da média. E For That Beautiful Feeling, seu novo álbum, é outro disco que marca um período fértil de sua carreira, mas agora com um pé no passado, quase em esquema de um tributo ao próprio legado.

Explica-se. Ainda que não seja uma coletânea, o novo trabalho do Chemical Brothers soa nostálgico para acompanhar o lançamento do livro Paused in Cosmic Reflection, um compêndio de entrevistas com alguns dos seus principais colaboradores Gente do calibre de Noel Gallagher, Aurora, Wayne Coyne, Beck e o lendário cineasta Michel Gondry. Então, de certa forma, um álbum nostálgico faz todo sentido nesse momento. O que nem de longe soa ruim no disco.

Com ecos de sua trinca inicial, formada por Exit Planet Dust (1995), Dig Your Own Hole (1997) e o definitivo Surrender (1999), For That Beautiful Feeling parece formado por faixas que ficaram de fora nos anos 90, mas que na verdade foram produzidas agora e que contam com o veterano Beck e a descolada artista francesa, Halo Maud, em seu line up. Entre suas 11 faixas, a influência de hip-hop, a miscelânea de vocais, o Breakbeat, a psicodelia e a bateria que o fez transitar até pelo mundo do rock. Tudo feito para dançar sem ser óbvio.

Com alguns singles divulgados nos últimos meses, em especial The Darkness That You Fear, que é certamente candidata a uma das melhores faixas do gênero lançadas esse ano, o disco indicava um olhar voltado para o início da cena rave inglesa. E acerta em cheio. Da explosiva To Live Again (com a artista francesa, que basicamente inicia e termina o disco, com sua faixa título) até Skipping Like a Stone, com Beck, o disco é uma coleção de faixas que não passam em branco. A sensação a cada colaboração segue sendo a de que a dupla consegue extrair de seus parceiros o melhor deles, por isso, soa tão multifacetado.

Ainda que em alguns poucos momentos o disco possa soar repetitivo, como em The Weight, o fato é que a ideia de obra completa, com suas perfeições e imperfeições, se mantém acima de qualquer julgamento. Em seu novo álbum, o Chemical Brothers parece ressignificar tudo o que já fez. Você tem a sensação de ter ouvido algo parecido antes, mas segue sentindo que a euforia é a mesma de outras épocas. E para quem envelheceu nas pistas, cada lançamento da dupla ainda é motivo para dançar mais um pouco até o dia nascer.

For That Beautiful Feeling não vai mudar a engrenagem da música eletrônica, tão menos soar entre os grandes lançamentos do ano, mas certamente vai reafirmar, novamente, quem é a dupla mais longeva e prolífica da música eletrônica. A química ainda funciona e está a todo vapor.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

Loading
svg