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Chromeo e a pista que não dança

14 de março de 20245 min read

Em novo álbum, dupla formada por P-Thugg e Dave 1 faz seu disco mais morno, mostrando que nem sempre é necessário trazer algo novo ou evoluir para ter uma carreira sólida.

Quando lançou Fancy Footwork lá na primeira metade do século, em 2007, o Chromeo parecia ser a bola da vez. E até era. Na esteira de nomes como o Justice, parecia ter dominado uma tendência que fez com que a música das pistas emulasse com rara felicidade elementos do synth-pop, criando uma espécie de versão turbinada da nu-disco, onde era praticamente impossível ficar parado.

Com shows divertidíssimos, consolidou sua carreira naquele momento, mas ficou por aí. Parece irônico, mas nunca houve o famoso “próximo álbum explosivo”. Aquela sensação de que o duo daria o pulo do gato então… nunca aconteceu. E quatro discos depois, o Chromeo lança Adult Contemporary, um disco que segue essa tendência – ou nem isso – e talvez mostre que a banda está bem confortável onde se encontra hoje. Talvez até surpresa por se manter relevante e não esboçar nenhuma queda em sua relevância, ao contrário de tantos de sua geração.

Entenda-se, o novo álbum do Chromeo não chega a ser exatamente ruim, mas assim como tudo o que fez nos últimos 15 anos, parece carecer de uma pimenta para ir além de onde chegou. E ela nunca aparece. Primeiras faixas do disco, (I Don’t Need A) New Girl, Got It Good, Lost and Found e BTS não são exatamente ruins, mas ao término dessa última, a sensação de que você está ouvindo a mesma música dá bem a tônica do disco. A colaboração com a dupla (sim, apesar da imagem da cantora, trata-se de uma dupla) La Roux, em Replacements, é a boia de salvação do disco.

Depois até há um ou outro bom momento, como em Personal Effects, que FINALMENTE cresce como uma música deve crescer, e She knows It, a segunda parte de Personal Effects, mas não passa disso. Em Adult Contemporary, o Chromeo soa como tudo o que já fez, bom e ruim. E depois de uma audição completa, você não consegue mais saber se as músicas de seu último álbum estão mesmo nele ou se foram feitas há 10 anos. Tudo é igual e ausente de emoção.

Realizar uma crítica sobre um trabalho do Chromeo é uma tarefa ingrata. DJs de primeira linha, realizaram recentemente um set pela Glitterbox, um dos maiores núcleos de house music do mundo, que é de impressionar. Nele, suas músicas parecem andar no BPM certo e, principalmente, causam o desejo de dançar. O que mostra que a dupla sabe muito bem o que faz – e talvez até o que não faz.

Com Adult Contemporary, P-Thugg e Dave 1 parecem ter dado tudo o que era possível entregar aos fãs, ao menos em estúdio. Seu sexto disco não é inferior a nada que tenha feito antes, assim como não é nem um pouco superior. É como uma fórmula eficiente onde fica bom para a dupla, para a gravadora e até para uma parte dos fãs. Talvez seja melancólico, mas se manter em evidência por tanto tempo na música eletrônica não é pra qualquer um. Que nas pick-ups, o Chromeo potencialize cada uma das músicas que pecam por tamanha morosidade. Eles sabem como fazer isso e, por mais surreal que seja, esse talvez seja o caminho para se manter com tamanha relevância.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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