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Clap Your Hands Say Yeah no Brasil: a banda que transformou o “faça você mesmo” em arte global desembarca no país

6 de maio de 20256 min read

Impulsionado pela internet e gestado no espírito do faça-você-mesmo, o disco de estreia do Clap Your Hands Say Yeah não só redefiniu o indie dos anos 2000 — ele provou que a arte pode nascer em qualquer lugar. Agora, a banda chega ao Brasil para tocá-lo na íntegra.

O ano era 2005 e o indie como conhecíamos nos anos 90 não existia mais. Distante da atmosfera triste do britpop, bandas como Franz Ferdinand, Arcade Fire e The Strokes surfavam pelos grandes festivais com seus primeiros álbuns, enquanto novos nomes brotavam a todo instante — a maioria com os olhos voltados unicamente para as pistas de dança.

Na contramão disso, havia o Clap Your Hands Say Yeah, banda liderada pelo inquieto vocalista Alec Ounsworth, e seu homônimo disco de estreia que, em 2025, celebra duas décadas e está prestes a ser executado na íntegra em terras brasileiras.

Hoje cultuado na cena alternativa, o grupo americano tem como um de seus principais pilares uma frase que, nos anos 70, se tornaria notável no Reino Unido: “It was easy, it was cheap – go and do it!”, algo como “Foi fácil, foi barato – vá e faça!”. Dita pelo grupo The Desperate Bicycles, essa máxima influenciou toda a cena punk que estouraria nos anos seguintes e deu forma à expressão “Do It Yourself”, o famoso “faça você mesmo”. E, se você precisa de um motivo para gostar do Clap Your Hands, esse é o principal deles.

Com fãs como David Bowie e David Byrne (Talking Heads) — nitidamente em virtude de sua ousadia —, o que torna o disco de estreia (e toda a carreira do grupo americano) especial é o fato de nunca ter sofrido influência de nada externo. Responsável por seu rumo criativo 100% do tempo, o CYHSY se arriscou com um indie de vocal desafinado, faixas longas e distantes do roteiro pop, além do engajamento de uma geração afoita pelo surgimento do MySpace e a proliferação de blogs que começavam a dominar a internet. Quase como um efeito cascata, o disco acabou ganhando ouvintes de forma orgânica até tornar a banda popular.

Some a isso uma estética irônica e, até certo ponto, desleixada — capaz de desconstruir uma das maiores obras de arte do século XX, La Danse (A Dança, no Brasil), de Henri Matisse — e tínhamos a capa do disco. Ao melhor estilo “não precisamos da aprovação de ninguém”, o CYHSY lançou seu álbum e não demorou para “The Skin of My Yellow Country Teeth” abrir espaço na cena indie dançante da época. Pouco depois, “Is This Love?” tornaria Alec uma referência da sua geração. Era chegada a hora de ganhar o mundo e, para isso, nada melhor que uma gravadora. Mas não nesse caso.

Bola da vez na cena indie, o CYHSY poderia ter sido qualquer coisa, mas escolheu ser ele mesmo — recusando constantes contratos para evitar qualquer interferência na produção de seus discos. Não por acaso, diferente da sonoridade que embarcava no movimento new rave, escolheu flertar com a new wave, caminhando ao lado de elementos eletrônicos. Foi nessa esteira que faixas como “Upon This Tidal Wave of Young Blood”, “Over and Over Again (Lost and Found)” e “Heavy Metal” se tornaram fundamentais para definir sua sonoridade nos anos seguintes.

Passadas duas décadas e lembrado nos quatro cantos do mundo, o CYHSY segue sem uma gravadora. Único membro original, Alec permanece fiel ao conceito de “Do It Yourself”, da mesma forma que bandas punk fizeram nos anos 70 e ganharam o mundo. Com isso, decide sozinho os rumos da sua música, garantindo a distribuição dos discos por meio de parcerias e acordos independentes.

Em um mundo dominado por métricas, algoritmos e performances digitais, o Clap Your Hands Say Yeah é um lembrete raro de que autenticidade ainda importa. Com um perfil discreto nas redes — com menos de 13 mil seguidores —, mas um disco que atravessou continentes e é lembrado pelo público, a banda reafirma que, quando a música nasce de uma convicção, ela encontra seu caminho naturalmente. Com data reservada para o Brasil em junho, revisitar esse álbum não é apenas nostalgia: é reafirmar a criatividade em sua forma mais pura.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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