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DJ Memê e a house music genuinamente brasileira

15 de maio de 20246 min read

Presente na 2º edição do C6 Fest, o carioca Marcelo Mansur, o DJ Memê, reafirma sua condição como um dos mais importantes DJs de house music do país, sendo responsável – entre tantas façanhas e números surreais – como um dos principais nomes que tornaram a música brasileira pronta para as pistas.

Entre nomes como Pavement, Cat power, Robert Glasper e tantos outros, um nome curioso se destaca na lista de atrações do C6 Festival, evento que será realizado no mês de maio e conta com a mesma curadoria de festivais lendários no Brasil, como o Free Jazz. Natural do Rio de Janeiro,  Marcelo Mansur se tornou conhecido como DJ Memê, nome que talvez você não conheça, mas certamente já ouviu em suas andanças da vida.

DJ Memê coleciona números assustadores. Mais de 20 discos de ouro e troféus como Melhor DJ nos anos 90, o carioca foi também responsável por uma façanha bastante curiosa. Atingir a marca mais de 1 milhão de discos vendidos com o bem-sucedido “Eu e Memê, Memê e Eu”, lançado em 1995 com Lulu Santos. Na época talvez não tenhamos tido a noção do título do disco, mas o “Memê” da capa não era o ursinho e nem um eufemismo, mas o DJ e amigo de Lulu, com quem já havia trabalhado em outras oportunidades, como em Assim Caminha a Humanidade, lançada um ano antes.

Esse flerte da músicas brasileira com as pistas de dança, obviamente, não nasceu com DJ Memê. Uma década antes, quando Loiras Geladas do RPM ganhou seu remix, muitas bandas de rock abraçaram versões dançantes de suas músicas, mas faltava um nome ser alçado ao mainstream, como foi o caso do DJ carioca.

Com o coração ligado de forma íntima à disco music americana, DJ Memê já trabalhou com nomes que praticamente definiram essa cena, como o francês Dimitri from Paris e o lendário produtor americano David Morales, com quem – inclusive – estará no C6 Fest. Some a isso ainda artistas como Shakira, Gloria Estefan, Dido e Toni Braxton.

Mesmo com grandes remixes, um dos maiores pontos da carreira de Memê segue sendo a ligação com discos que mudaram o status da música pop por aqui, como o álbum de estreia da dupla Claudinho e Buchecha,  o dançante Autolove, do Kid Abelha, e Puro Êxtase, do Barão Vermelho. Em comum, no caso dos dois últimos, o fato de terem sido lançados em uma época onde o rock mundial tentava invadir as pistas de dança, para desespero do público mais conservador. O U2 que o diga em 1997, quando lançou álbum Pop e trabalhou com produtores Howie B e Steve Osborne. Mas de fato, Memê se acertou principalmente com Lulu Santos, com quem trabalharia novamente em Bugalu, já em 2003.

Figura importante na consolidação da música eletrônica no Brasil, criou um dos primeiros cursos de DJ no país e tocou nas primeiras edições do Skol Beats. Reconhecido internacionalmente, passou a fazer parte da Defected Records, hoje o maior núcleo de house music do planeta. Em 2011, lançou a ótima compilação DJ Meme Presents Disco II Disco, e em 2015 sua própria gravadora, a MeMix. Seu nome também foi incluído na primeira festa da Glitterbox no Brasil, ao lado de referências como Joey Negro e The Shapeshifters.

Por último, impossível não mencionar que essa carreira tão recheada de bons momentos tenham lhe dado a chance de realizar outro ambicioso projeto com a Universal Music, o DJ MEME Apresenta Clássicos Reboot, luxuoso box composto por 5 LPs e diversos clássicos da música brasileira. Desenvolvido durante a pandemia, nele foi possível reunir uma gama impressionante de artistas icônicos de várias épocas e estilos musicais. Um artigo de luxo sonho de qualquer colecionador de álbuns.

Mais que um DJ, figura que ainda desperta desconfiança por parte de céticos no mundo da música em relação ao seu verdadeiro papel, Marcelo Mansur é a mão que fez o rock nacional subir um degrau e acompanhar tendências no pop/rock mundial. Colecionando conquistas, o produtor carioca agora se prepara para – ao lado de David Morales (que realizará um set de 5 horas) – colocar o público para dançar em um evento que prima pela sofisticação, mas que não é necessário terno para dançar.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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