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DJENT – O heavy metal na velocidade da luz

2 de maio de 20176 min read

Nas próximas semanas o Brasil receberá a primeira turnê da banda americana Animals as Leaders, grupo americano que faz parte de uma espécie de segunda geração de nomes que se consagraram no chamado Metal Progressivo.

Evolução (ou mutação) do gênero, o trio que vem ao Brasil passa longe da esfera onde artistas como Neal Morse e Steven Wilson construíram sua história nos últimos anos. Apostando na velocidade, bandas como Periphery, Meshuggah, TesseracT, Textures e o próprio Animals as Leaders vêm construindo uma cena que tem como mote levar ao extremo a relação entre melodia, velocidade e técnica. São bandas consideradas precursoras do estilo que vem sendo aclamado como Djent.

Vertente que ficou popular graças às técnicas utilizadas pelo guitarrista do Meshuggah, Fredrik Thordendal, o Djent ainda é um adolescente que caminha descobrindo seus próprios limites. Identificado há pelo menos uma década, abusa das  distorções em abafamento no som das guitarras, que normalmente possuem entre sete e nove cordas para tal prática. Sua polirritmia proporciona aos seus adeptos a possibilidade de um mergulho muito mais fundo dentro de suas influências com a inserção de elementos dentro de cada execução, funcionando como uma espécie de realidade virtual mecanizada pelo homem.

Entenda-se, com tamanho virtuosismo e velocidade, torna-se normal no Djent transportar para um mesmo contexto as bases de peças clássicas de artistas consagrados como Brahms e Bach com as linhas de baixo de Kashmir, do Led Zeppelin. Tudo isso de uma forma tão intensa que cada apresentação se torna uma verdadeira experiência sinestésica para o ouvinte.

Primeiro grupo a investir nessa sonoridade de forma mais clara, o americano Periphery praticamente definiu as fundações do gênero através de uma série de apresentações exibidas pela internet. Entre seus espectadores estava Fredrik Thordendal, que passou a levar sua técnica para dentro do som do Meshuggah, que já era bastante marcado por compassos complexos e linhas vocais variadas. A partir de então o Djent passou a se tornar mote para a criação de uma enormidade de bandas e adeptos pelo mundo.

Diferente da maioria das vertentes do heavy metal, que parecem se popularizar em regiões específicas, o Djent é descentralizado e nasce muito mais da pluralidade de seus seguidores do que de uma cena específica. Seja na Europa, Austrália ou na América do Norte, logo bandas começaram a levar esse tipo de música a um patamar cada vez mais inimaginável, caso do Animals as Leaders, liderado pelo guitarrista nigeriano/americano Tosin Abasi. Autodidata, o líder do grupo despontou na edição 2013 do festival South by Southwest e dois anos depois acompanhava Joe Satriani e Guthrie Govan dentro de uma turnê do G3, além de Nuno Bettencourt, Yngwie Malmsteen e Zakk Wylde na Generation Axe tour 2016.

Obviamente, o virtuosismo do Djent não é um consenso dentro dos fóruns de heavy metal. Vocalista do Lamb of God, Randy Blythe já declarou por inúmeras vezes não ver o Djent como um estilo musical, especialmente pela dificuldade de se compreender o quanto de melodia existe dentro de uma música tão veloz e intensa.

Por outro lado, cada vez mais bandas assumidamente adeptas do Djent parecem se reunir em torno de um movimento que vai se estabelecendo mundo afora e parece próximo de seu auge, dado o fato da maioria de bandas adeptas hoje realizar turnês mundiais com repertório próprio. Do outro lado a própria indústria parece estar aceitado a natureza desse tipo de música e vem deixando seus equipamentos muito mais regulados para a captação de uma sonoridade tão minimalista.

Pronto para assumir seu lugar dentro da música pesada, bandas de Djent brotam e assumem sua condição de excelência tal qual músicos de jazz subvertidos ao heavy metal. E depois do show do Meshuggah em 2016 em São Paulo, o Brasil confere agora o segundo capítulo dessa história com o Animals as Leaders, que vem ao país em julho pela primeira vez. Um show que tem todos ingredientes para escrever história, especialmente se você não piscar entre um solo e outro.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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