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Ebo Taylor e Pat Thomas no Brasil: Eles estavam lá quando tudo começou – e ainda estão!

14 de maio de 20255 min read

Um encontro raro entre lendas vivas — por isso veja agora, antes que se torne só história. Com 89 e 78 anos, respectivamente, e com passagem marcada para o Brasil, Ebo Taylor e Pat Thomas vêm ao país para sua última turnê como maior representação de uma vertente musical que nunca mais parou de gerar frutos.

Com um calendário de shows tão farto, realmente fica difícil para qualquer fã se dar conta da importância de tudo que acontece no país, especialmente em São Paulo.

No próximo dia 6 de junho, na Casa Natura, em São Paulo, um desses shows deriva exatamente de um adiamento ocorrido em novembro do ano passado. Trata-se da turnê conjunta entre Ebo Taylor e Pat Thomas, resultado do projeto Jazz Is Dead, que sempre teve como objetivo revitalizar o legado de lendas do jazz, funk e soul ao redor do mundo. Foi assim que nomes como Azymuth ou Hyldon receberam, na atualidade, o reconhecimento mundial de toda uma carreira. E com menos de um mês para o show, torna-se ainda mais necessário ressaltar a importância dessa apresentação, que desde a confirmação já ganha ares de histórica.

De forma sucinta, ver Ebo Taylor e Pat Thomas no Brasil é ganhar uma última oportunidade de assistir, ao vivo, aos últimos representantes da geração de ouro do Highlife, gênero fundamental da música africana moderna ao lado do Afrobeat.

Nascido na costa ocidental da África, em países como Gana, Nigéria, Serra Leoa e Costa do Marfim, o Highlife tem forte influência de instrumentos de sopro, fundindo, além da música tradicional africana, elementos de jazz, calypso e swing. Notavelmente, esse é o contexto em que o próprio jazz se desenvolveu nos Estados Unidos durante os anos 30. Já o Afrobeat, ao despontar nos anos 60, trazia consigo uma carga política e emocional que logo o elevaria ao status de agente de mudança social. E é nesse barco que nomes como Fela Kuti, Ebo e Pat Thomas caminham juntos, cada um ao seu modo.

Vários nomes despontaram ao longo dessas décadas, como o baterista Tony Allen, que daria forma à música de Fela Kuti, Rex Lawson e Osibisa (responsável pela popularização do gênero no exterior), mas nessas estradas tão paralelas, de um lado tínhamos Ebo Taylor e Pat Thomas mantendo raízes musicais do Highlife, enquanto Fela Kuti somava ao gênero toda a riqueza do funk americano. Assim, tínhamos a tempestade perfeita. O resto da história todos sabemos.

Mais de meio século depois, são incontáveis os nomes que se inspiram em Fela, Ebo e Pat Thomas, mantendo viva a chama do gênero — seja do Afrobeat, muito mais popular, seja do Highlife. Mas ter a oportunidade de assistir ao vivo aos seus criadores é um privilégio que só Ebo e Pat Thomas podem proporcionar. De volta aos holofotes graças ao projeto Jazz Is Dead, existe em cada turnê do projeto um suspiro de justiça para quem já fez o mundo dançar e merece um novo reconhecimento.

Com histórias que se cruzam – Fela tocou com Ebo Taylor, por exemplo – e responsáveis por inúmeros clássicos do gênero, ambos tinham o ativismo como mote maior de seu trabalho. E se hoje reconhecemos a música africana como pilar fundamental da cultura mundial, é graças a esses nomes. Se a Era de Ouro do Blues respira pelas notas de Buddy Guy, a Era de Ouro do Highlife/Afrobeat está nas mãos de Ebo Taylor e Pat Thomas.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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