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Entrevista ESCOMBRO

14 de março de 20188 min read

Não há dúvidas de que o hardcore sempre teve representatividade na música brasileira. Gênero que sempre ignorou o espaço que separa o underground do mainstream, construiu um legado de respeito capaz de dar força a uma cena que se renova independente de modismos ou tendências.

O Escombro, banda que sempre teve como lema o “Hardcore por um mundo mais digno”, é um daqueles nomes que precisam ser vistos com atenção. Depois de lançar em 2015 o EP SP Caos, lançou seu primeiro e homônimo disco cheio, até chamar a atenção da Artico Music, com quem assinou uma parceria que resultará em um novo EP agora em 2018.

Formado por Lucas “Jota” Ferreira, o baterista Felipe Felipeles, o baixista Igor “Japonês” Fugiwara e o guitarrista Ricardo Quattrucci, a banda conversou com o Passagem de Som sobre o atual momento da banda, que se prepara para lançar seu novo EP e dar um passo decisivo em uma carreira que vem colecionando conquistas ao longo dos últimos anos.

A parceria com a Artico Music e a decisão de gravar um EP
Lucas Ferreira: O Apoio da Artico vem sendo fundamental para esse momento. É um período de amadurecimento, no qual temos que lidar de forma mais segura e incisiva, tendo em vista nossos próximos planos.

Decidimos gravar um EP e não um disco cheio a fim de tornar nosso trabalho mais dinâmico para o ano de 2018. Pensamos em otimizar as coisas e assim conseguir manter uma constância maior de novidades e lançamentos com o decorrer do tempo.

O hardcore no Brasil hoje
Lucas Ferreira: Nós vivemos no underground, matando um leão por dia e sem muito “glamour” e a mídia de massa continua investindo em pão e circo, músicas sem conteúdo e que empobrecem a cultura. Por outro lado, entendo que o mercado fonográfico se recicla. Isso me deixa esperançoso, mas ainda mantenho meus pés no chão. Uma ferramenta forte de divulgação é a internet, aqui achamos espaço pra atingir todo tipo de pessoas!

Quanto ao momento, vou repetir o que eu disse na entrevista pro site Zonapunk, o momento social e político que nós vivemos no Brasil necessitam do hardcore!

A identidade do hardcore
Lucas Ferreira: Acho que é natural em qualquer vertente musical que o público espere algo fiel a bandas consagradas, mas por outro lado não acho o público do hardcore inflexível a ponto de não permitir ou não aceitar novas misturas ou influências musicais, afinal a música é livre!

Sepultura, Ratos de Porão e o crossover entre HC e heavy metal
Lucas Ferreira: As bandas citadas acima são influências nossas. Enxergo tudo isso como algo positivo. Eu, por exemplo, sou “casado” com o hardcore, mas também tenho um caso com o metal!

As duas vertentes possuem fãs fiéis e fervorosos, que consomem bastante material. Ao meu ver, a junção dos estilos ajuda a não limitar o público-alvo e atinge um número maior de pessoas.

As letras em português
Lucas Ferreira: Realmente compor em português não é uma tarefa fácil. O Escombro, além do instrumental pesado, tem letras ácidas e com a proposta de informar o público e passar uma mensagem. Infelizmente não é todo mundo que tem acesso a outros idiomas, por isso a escolha do português.

Na questão da composição, normalmente o instrumental vem primeiro, o que nos dá maior liberdade pra compor, as letras são feitas por último, pensadas em cima da música. Tomamos o Rap como alicerce, o que facilita muito na questão do idioma.

A importância social do hardcore em tempos turbulentos
Lucas Ferreira: Sim! Eles conseguiram “dividir pra conquistar” e tirar totalmente o foco do problema real da sociedade. Temos que pensar muito bem antes de soltar uma palavra. A intenção é unir as pessoas, fazer com que elas pensem. Exterminar a ignorância, expor os fatos, acabar com injustiças e com a opressão. Nós estamos aqui gritando e brigando por mudanças! Posso dizer que todos são bem vindos aos nossos rolês. Não só no hardcore, mas em todo o mundo, não temos mais espaço para intolerância.

A força do Brasil frente ao hardcore internacional
Lucas Ferreira: O Brasil é um país muito rico e muito extenso! Nossa cena existe sim.E eu acredito que ela tem ganho um novo fôlego, temos bandas muito boas em atividade! Eu vi no Maximus Festival um palco voltado só para o HC, você vê uma galera mais nova comparecendo aos shows e cantando com paixão as músicas, isso mostra que a cena está se renovando.

É importante manter o público unido e com acesso ao ingresso! Estamos vivos!

O espaço para o Hardcore no mainstream
Lucas Ferreira: O Hardcore tem espaço. Não sei se em escala merecida, sinto falta de bandas importantes da cena, como o Paura e o Questions, que deveriam estar constantemente no line up de festivais de grande magnitude.

Por outro lado, o Dead Fish fez um show lindo em 2017 no Maximus Fest. Tínhamos um palco só pra HC e o Pennywise se apresentou no mesmo palco. Foi um dia memorável!

O futuro do Escombro
Lucas Ferreira: O público pode esperar um EP mais conciso. Serão cinco faixas (em média um pouco mais extensas que as do segundo registro, o full álbum “Escombro”). Este EP contará com duas participações especiais. Uma nacional e a outra internacional. As letras continuam ácidas e levantam questões políticas e sociais que fazem parte do cotidiano da grande maioria dos brasileiros.

Por fim, obrigado por esse espaço!

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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