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Entrevista JOHN KAY (STEPPENWOLF)

12 de junho de 201529 min read

Líder de uma das bandas mais marcantes do rock John Kay é um sobrevivente. Nascido na Prússia Oriental em 1944, um mês após a perda de seu pai para a guerra, ele e sua mãe fugiram duas vezes até se estabelecerem na Alemanha Ocidental quando ele tinha apenas quatro anos. Foi a rádio das Forças Armadas Americanas que despertou seu interesse por rock’n’roll e cultura americana. Em 1958, foi com sua mãe e padrasto para Toronto, no Canadá, onde começou a cantar folk.

Em 1967, na cidade de Los Angeles, teve a ideia de formar o Steppenwolf com o baterista e o tecladista de sua primeira banda, The Sparrows, e os americanos Michael Monarch na guitarra e Rushton Moreve no baixo. Juntos, formaram uma das primeiras bandas da contracultura da cidade e rapidamente ganharam o mundo quando Born to be Wild e The Pusher foram eternizadas no filme Easy Rider. As músicas de John Kay sempre tiveram um apelo político, herança de sua infância conturbada e do folk, e tornaram-se hinos contra a guerra do Vietnã. Alguns anos e brigas depois, a banda terminou e desde 1980 John se apresenta como John Kay & the Steppenwolf.

Ele nos contou muito de sua trajetória e sua dedicação ao ativismo nesta entrevista histórica!

Retorno aos palcos
John Kay: A última vez que estive no Brasil foi em 2007 e foi o último ano que o Steppenwolf fez turnê; depois disso eu vendi todos os meus bens relacionados à música, o ônibus, tudo. Em 2008, quando eu estava viajando para diferentes partes do mundo sem o Steppenwolf, tive tempo para pensar sobre os últimos anos e a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi que eu sentia saudade dos parceiros de banda, afinal eu já toquei 40 anos com eles. Por outro lado, eu tinha certeza que não queria fazer turnês e ficar muito tempo na estrada fazendo centenas de shows. Outra razão para ceder à tentação de tocar novamente com o Steppenwolf foi que a nossa pequena fundação chamada Maue Kay ficou cada vez mais envolvida com pessoas e entidades na África e na Ásia que lutam pela proteção e conservação do meio-ambiente. Pensei que se meus parceiros de banda topassem tocar um número limitado de shows por ano, eu teria a satisfação de tocar com eles, trabalhando menos por mais prazer, e melhor ainda, poderia investir uma parcela do dinheiro gerado pelos shows em nossa fundação, contribuindo assim para o Wild Life Trust no Quênia, o Wildlife Conservancy e muitas outras entidades. Acabamos de voltar de Bornéu, onde apoiamos a Orangutan Foundation Internacional. Então, em 2009, sugeri que fizéssemos no máximo doze shows por ano e todos aceitaram. Desde então, estamos indo muito bem. Agora estou morando novamente em Saratoga, na Califórnia, em uma boa casa. Não gosto tanto de viajar, mas tenho que ir para vários lugares do mundo, como o Camboja, onde construímos uma escola. Graças a Deus tenho boa saúde para cantar e tocar e não penso em parar logo.

Planos
John Kay: A ideia de gravar shows não me interessa muito. Continuo a compor, mas são músicas pessoais que talvez eu nem grave; são coisas acústicas que eu poderia ter colocado em um álbum solo, talvez um dia eu faça isso, mas a indústria da música não me interessa nem um pouco. Entre o início dos anos 80 e 2000 eu cuidei de boa parte de meus negócios e administrei empresas de propaganda, meu estúdio de gravação e muitas outras coisas, e quanto mais tempo eu gastava com essas coisas, menos tempo eu tinha para criar músicas novas e é principalmente por isso que eu me afastei de todas essas coisas, direitos autorais e marcas, porque a indústria musical esteve em declínio por muito tempo e eu não queria perder tempo atrás da minha mesa cuidando de negócios do Steppenwolf. Era uma necessidade antes e fui bem o suficiente para prosperarmos, mas fiquei muito contente em tirar isso da minha vida em 2007, quando fiz o acordo para vender vários patrimônios; e desde então tenho mais tempo para fazer as coisas pelas quais mais me interesso, para entender sobre o que está acontecendo no mundo, como a extinção da vida selvagem, o comércio de partes de animais e outras atividades ilegais. Assim, encontrei pessoas que lutam contra essas atividades ilegais e fazem um trabalho importante que merece o apoio de todos. Estou mais envolvido nessa causa, mas de vez em quando toco guitarra quando tenho uma ideia, componho uma música e toco para amigos, mas não me preocupo muito se vou gravar ou não. Retornei ao que era a música a princípio: pureza e satisfação.

Cuidados com a voz
John Kay: 
Eu me beneficio de muitas coisas que comecei a fazer quando fiz trinta anos e não teve nada a ver com a idade, apenas comecei a mudar minha rotina. Comecei a dormir regularmente, eu e minha esposa decidimos comer coisas nutritivas e saudáveis, começamos a malhar – ela fez karatê por catorze anos, cinco vezes por semana e disse que eu precisava entrar em forma – e vamos a um spa regularmente. Mais recentemente, como preparação para fazer trekking nas montanhas Virunga, o habitat dos gorilas-da-montanha (Mountain Gorilla Trekking), em Uganda, me foquei mais em atividade física e condicionamento, já que é uma área bem desafiadora. Desde que fiz quarenta anos, diminui muito meu consumo de bebidas alcoólicas, malho seis vezes por semana e todas essas coisas me ajudam a ser mais saudável. Também evito coisas que sei que não são boas para cantar, pois sinto uma grande obrigação com as muitas pessoas que nos apoiam assistindo nossos shows ou comprando nossos discos por tantos anos. Quando elas separam um tempo para ouvir o que temos para oferecer, quero ser capaz de deixar o palco sabendo que dei meu melhor naquela noite, e para a minha própria satisfação quero poder viver aqueles momentos especiais que nem sempre acontecem porque o som ou o lugar não são tão bons. Mas quanto tudo está ótimo, a banda está tocando bem e o público é receptivo, acontece um daqueles momentos em que a vozinha na sua cabeça diz: agora eu não queria ser ninguém além de mim, nem estar em outro lugar a não ser neste palco fazendo exatamente o que estou fazendo. Essa é uma das experiências mais privilegiadas que alguém pode ter, é um momento de consciência elevada. Viajamos longas distâncias, e mesmo quando tocamos nos Estados Unidos são três dias dedicados a um único show, então queremos que o tempo seja significante e gratificante para o público e para nós. Quando o tempo passa, esses momentos no palco são a recompensa pelo tempo dedicado.

Momentos marcantes
John Kay: Sou abençoado por ter vários momentos marcantes e escolher só um seria uma tarefa difícil. Mas lembro-me da primeira vez que escutei nossa música no rádio: eu não posso dirigir, pois nasci com acromatopsia (uma deficiência visual), então nosso baterista Jerry estava dirigindo comigo pela Sunset Boulevard, em Hollywood, quando um de nossos quatro lançamentos, a dançante faixa de nosso primeiro álbum chamada Sookie Sookie, começou a tocar no rádio e quase causou um acidente! Jerry foi para o acostamento dizendo “Cara, isso é demais! Estamos no rádio!”. Foi um grande momento porque significava que alguém achou nossa música boa o suficiente pra ser tocada no rádio, foi o primeiro ápice. Claro que melhorou a partir dali: tocamos com o Led Zeppelin no Bath Blues Festival na Inglaterra em 1970 e dois anos depois fomos a banda principal no Royal Albert Hall em Londres e aquele público estava tão louco que quando o show terminou o promotor entrou no camarim e disse “vocês têm que voltar lá e tocar mais um pouco, porque eles não vão embora!”. Eu disse que já tínhamos tocado todas que sabíamos, então tive que voltar ao palco, ainda sem camisa e disse: “amamos vocês por fazerem deste o show mais memorável até hoje e devo dizer que tocamos tudo que sabemos para vocês, então voltem para casa sorrindo e obrigado por tornar isso tão especial para nós! Acreditem, se tivéssemos mais, daríamos”. Foi uma noite inesquecível. Também lembro quando tocamos na terceira edição do Willie Nelson’s Farm Aid em 1987, na cidade de Lincoln. Tinha tanta banda que cada uma só tocou por 15 minutos; o palco era rotatório e enquanto uma banda tocava, outra se preparava. Claro que tocamos Born to be Wild e o estádio explodiu, foi muito empolgante! Já toquei essa música tantas vezes que as pessoas me perguntam: você não se cansa? E a resposta é não, eu a toco pelas pessoas e a energia que elas nos transmitem no momento é o que a torna empolgante a cada show e nós queremos que as pessoas tenham as melhores lembranças da época em que elas se tornaram fãs dessa música ou do disco. Em outras palavras, é um tributo que prestamos ao público, e se chegar o dia – e eu acho que ele nunca chegará – em que eu me cansar de tocar essa música para os fãs, então será o momento de parar.

Hinos eternos
John Kay: Existem algumas músicas que mexem com a atenção e a imaginação das gerações mais jovens quando estão em fase de crescimento. A ideia de Born to be Wild é a liberdade de ser independente, com idade o suficiente para sair sozinho, dirigir seu carro ou moto na estrada pela primeira vez… é sinônimo de independência, liberdade e juventude exuberante. Essa música parece não ter data de validade, pois continua a ser admirada por novos fãs com o passar dos anos. E o fato de nossa música estar em um filme de Hollywood possibilita que mais gente nos escute pelo mundo. Não importa onde tocamos, seja no Peru, na Austrália ou no Japão, vemos que a plateia conhece bem nossas músicas mesmo que parte dela nem tivesse nascido quando elas foram lançadas. Alguns cresceram em casas onde os pais escutavam Steppenwolf, outros nos descobriram em rádios de rock clássico, cinemas ou na televisão, e ao gostarem de nossa música, ela se torna parte do que eles compõem. Acho que há muitos jovens que são totalmente agnósticos musicalmente falando e muito influenciados pelo grupo de amigos até atingirem certa idade para terem confiança em suas próprias escolhas. Os jovens de hoje não ligam se gostam de rap, heavy metal ou rock clássico. Vi isso com minha filha: quando ela tinha 13 anos, começou a ouvir música e comprar os discos que seus amigos achavam que era legal e só quando fez 17 ou 18 anos começou a escolher o que ela queria. Estive em lugares como Brahma, em Botswana, onde descobriram que eu era músico do Steppenwolf, mas não conheciam a banda. Mas quando eu cantei Born to be Wild eles a conheciam por causa de uma coletânea com outras bandas como Deep Purple, Hendrix e Cream. As músicas têm uma vida própria, por vezes sem que o Steppenwolf seja conhecido como a banda que as gravou.

Ídolos
John Kay: 
Acho que para muitas pessoas isso será uma surpresa, mas muitas das músicas que realmente têm um vínculo mais pessoal comigo como ouvinte e sinto muito prazer em escutar são as de mulheres cantoras e compositoras. Comecei há muito tempo escutando Joni Mitchell, mas certamente uma mulher cuja carreira, humanidade e música admiro é a Bonnie Rait. Ela é um fenômeno da guitarra slide, além de uma ótima cantora e um ser humano maravilhoso. Artistas como Patti Griffin, Shawn Colvin e Emmylou Harris continuam a fazer grandes discos. São mulheres que escrevem sobre a vida no interior, músicas feitas para e pelo coração, enquanto muitos homens compositores escrevem sobre interesses diferentes. Também escuto cantores e compositores como John Riot e Tom Johnson. E claro que todos nós amamos Jimi Hendrix.

O poder da música
John Kay: Minhas influências ainda estão presentes em meu IPod e nem sempre são as maiores influências diretas do Steppenwolf, são influências que ajudaram a construir o rock’n’roll, como Chuck Berry e Little Richard e muito blues. Com o passar do tempo, todos nós começamos a escutar músicas completamente desconhecidas e de culturas diferentes como as de Ravi Shankar, quem nos apresentou a cítara e a música indiana. Muitos artistas tocaram músicas maravilhosas que acabaram me influenciando em como toquei guitarra ou escrevi algo, como Ry Cooder. Quando começamos a tocar e compor nossas músicas, continuei com as influências que eu tinha como artista solo no início dos anos 60: fui influenciado por pessoas que escreviam na tradição de Woodie Guthrie em um momento de retorno da música folk americana e declínio do rock, como Bob Dylan, Tom Paxton, Richard Fariña e Phil Ochs. Eles escreviam sobre as condições dos Estados Unidos, a luta pelos direitos humanos dos afrodescendentes, sentimentos de antiguerra, sobre a guerra no Vietnã e outras coisas que afetavam diretamente muitos jovens. E foi em alguns festivais de música folk em Newport que ouvi aqueles jovens compositores e cantores em meio a milhares de outros jovens e reconheci o poder da música. Essa experiência influenciou algumas composições do Steppenwolf, principalmente o disco conceitual e sociopolítico chamado Monster. Uma vez, recebi uma carta de um homem de Mississippi, que, por ser do sul, viu a opressão dos afro-americanos em uma época de luta pelos direitos humanos. As pessoas de lá nasciam e cresciam com o racismo e esse homem branco disse que ele era um dos únicos que enxergava as injustiças e queria lutar contra isso, mas estava rodeado de pessoas que não concordavam com ele. E ele me escreveu: “ao escutar seu álbum Monster, percebi que não estava sozinho e foi o que me motivou a manter minhas convicções e agora, muitos anos depois, estou casado e com dois filhos, sou advogado e me orgulho muito em defender as minorias no mundo; quero te agradecer por me ajudar a ser quem sou.” Quando leio uma carta como esta, aprendo que a música pode ser muito mais que entretenimento.

Guerra às drogas
John Kay: Só posso falar sobre os problemas que mais conheço e aqui, nas últimas décadas, o uso de drogas pesadas continuou, mas a metanfetamina tornou-se o maior problema, principalmente em áreas pobres, pois pode ser feita por qualquer pessoa e é incrivelmente destrutiva e, claro, fortalece o tráfico de drogas e a violência. A música The Pusher ainda é relevante é verdadeira para a sociedade atual e acredito que a guerra contra as drogas nos Estados Unidos foi um completo fracasso.

Modernidade
John Kay: Quando éramos jovens os tempos eram outros; a internet e a tecnologia são ferramentas que podem ser usadas tanto para unir comunidades ou pessoas no mundo em prol de causas comuns muito importantes e benéficas, como para fins criminosos. Posso usar um martelo para construir uma casa ou para quebrar uma cabeça, é uma ferramenta e depende de como é usada. Há muitas coisas no mundo moderno que causaram mudanças com as quais ainda estamos nos adaptando. O que vejo especialmente entre os jovens de hoje é que eles estão sempre em uma bolha tecnológica de mensagens de celular e Twitter, olham para seus celulares enquanto atravessam a rua e são atropelados, e pior ainda, se distraem e se ocupam constantemente com coisas totalmente inúteis e se esquecem de coisas importantes como a mudança climática. Nesse aspecto, acho que estamos vivendo em tempos muito mais perigosos que os meus.

Indústria da música
John Kay: Ontem minha esposa me mostrou um vídeo da Emmylou Harris no Youtube e a música era incrivelmente simples, poderosa e profunda. Escutar algo assim me lembra do quanto a música pode ser enriquecedora, importante e vital para a alma humana. Tocar ou cantar uma música que escrevi é quase tão importante quanto comer, faz parte da minha vida e não precisa ser algo que dê dinheiro. Eu acredito que a indústria da música está em declínio, a venda de discos despencou e os discos só serão disponibilizados virtualmente e em muitos sites ilegais. Definitivamente, as oportunidades para bandas novas e jovens continuarão a encolher e de vez em quando poucas pessoas se beneficiarão desse mercado fazendo muitos shows. Porém, geralmente, as pessoas estão tendo que se acostumar com a ideia de que para se sustentar fazendo música é preciso se bancar por conta própria. Existem milhares de bandas novas, todas tocando o quanto podem para estourar e sempre haverá algumas muito talentosas persistindo por anos até que algo grande aconteça. Mas não tenho inveja dos jovens que estão em garagens pelo mundo tentando montar uma banda porque as chances de ter sorte suficiente como o Steppenwolf e outras de nossa geração são bem menores que quarenta anos atrás, então não basta apenas ter talento, é preciso batalhar muito. Eu não indicaria essa profissão para alguém que não queira sacrificar muito conforto, tempo e outras coisas pela música, mas normalmente aqueles que não conseguem ser outra coisa, pois música é a missão de suas vidas, vão ser arriscar e buscar seus sonhos e de vez em quando alguém vai conseguir estourar e fazer sucesso, é como jogar na loteria; não é fácil ser vencedor nesse jogo. Se a música é o que você ama e dá sentido à vida, vá em frente e boa sorte.

Bandas atuais
John Kay: 
Certamente há muito talento por aí fazendo música que vale a pena conhecer. Nos anos 80, após o período de cantores compositores como James Taylor, Jesse Winchester, Jim Croce, a música por vezes ficou muito corporativa e superficial e tínhamos que procurar músicas realmente poderosas fora das rádios. Existem bandas maravilhosas que batalharam por anos como The Subdudes de New Orleans. Outra banda que gosto é The Band of Heathens, de Austin, Texas, e os Black Keys também fazem coisas interessantes. Sempre há talento e eu continuo a descobrir músicas que gosto.

Aos fãs brasileiros
John Kay: 
A coisa mais importante que gostaria de dizer é que me sinto muito grato pelo interesse dos brasileiros pelo Steppenwolf. Tive uma das experiências mais significativas em nossa primeira visita ao Brasil, pois nós todos ficamos intrigados como a maioria do público de Curitiba e Brasília, que era jovem e falava um pouco de inglês, ainda assim estava cantando junto com a gente em um inglês muito bom, não só Born to be Wild como também outras músicas! Em uma entrevista na época, eu disse que a mesma coisa havia acontecido na Grécia e dois jornalistas que eram mais velhos disseram que no Brasil também houve uma ditadura militar bem opressiva, assim como na Grécia, e disseram que os jovens brasileiros escutavam nossas músicas pois elas eram contra o autoritarismo e a favor da liberdade, falavam sobre não aceitar o status quo e denunciar a injustiça, e, por isso, os jovens de hoje aprenderam que os mais velhos gostavam de Steppenwolf por ser uma banda autêntica. Saber disso foi muito gratificante porque como compositor, crio minhas músicas como se fossem filhos deixando a casa e quando eles saem, passam a ter uma vida própria que não conheço totalmente.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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