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Entrevista PATIFE BAND

12 de abril de 20196 min read

Um verdadeiro patrimônio da cena alternativa nacional. Não há outra forma de se definir a história e o legado construído por Paulo Barnabé e sua Patife Band, que segue firme na ativa até hoje. Nascido em 1984, o grupo fez história com o revolucionário Corredor Polonês, disco lançado em 1987 (e único do grupo) com uma fusão de elementos que vai do pós-punk até a música erudita.

Mesmo sem um novo álbum de inéditas, a Patife Band nunca parou de gravar, são singles e performances que exploram elementos alheios à música pop, o que transformou a banda em um verdadeiro ícone da vanguarda musical paulista. Fugindo totalmente da estética do rock pautado nos anos 80, a banda de Paulo Barnabé flertou com o jazz, o match-rock e tantas outras vertentes que só ao vivo parecem dar sentido à mente de um artista que se tornou referência na cena alternativa. Mais que um legado, a música da Patife Band segue a frente de seu tempo, mesmo mais de três décadas de depois de sua criação.

Inquieto, Paulo Barnabé segue firme comandando esse nau de experimentação e aproveitou para falar com o Passagem de Som sobre o atual momento da Patife Band e outros assuntos.

A renovação do público da Patife Band três décadas depois
Paulo Barnabé: Tenho percebido essa atualidade de gerações, claro, e sinto de alguma maneira também o lado atemporal das ideias e da pegada estética das músicas que compus naquela época; percebo que não ficaram datadas exatamente por não fazer parte de um movimento cultural.

Foi uma coisa isolada do que estava acontecendo, fora desse tempo, acho, e isso tem a ver com o que ouvia desde a adolescência. As experiências musicais que fazíamos ainda em Londrina quando ouvíamos muito o pessoal da música erudita contemporânea europeia (Musica Concreta, Aleatória, Eletroacústica etc.), isso me fez ter uma relação profunda e séria com autenticidade e propostas musicais. Foi por esse caminho experimental que o Arrigo se embrenhou e eu também.

A estética da música da Patife Band
Paulo Barnabé: Eu sempre fui um aficionado pela música instrumental e levei isso para o meu som. As minhas músicas posso considerar instrumentais, mesmo tendo letras. E atualmente estou mais ainda voltado para a música instrumental, mas ainda tenho várias com letras também.

Mudanças no line up, mas uma única banda
Paulo Barnabé: A Patife, meu alter-ego, sempre passou por várias formações desde o seu começo e, pra mim, o que importa é manter a estética e a pegada. Atualmente estou com uma formação bem interessante: são músicos que vêm da formação instrumental, o Felipe Brisola, baixista, Fábio Gouvea, guitarrista, são músicos com trabalhos autorais também e de relevância na cena da música instrumental brasileira; e o baterista Elvis Toledo, também de forte pegada da nesse tipo de música. Para esse show que realizaremos na sexta, porém, o Elvis não poderá tocar e eu farei a batera.

As gravadoras dos anos 80 e a relação com a música experimental
Paulo Barnabé: Acho que tudo o que foi feito foi feito a sua maneira em cada época. Tudo tem o seu valor.

O circuito de música instrumental
Paulo Barnabé: Tem a mesma pegada, o que mudou foi a interação com a internet, mas os locais para shows seguem a mesma pegada daquela época. Pessoas que tem seus negócios e batalham pra divulgar musica alternativa como é o caso da Associação Cecilia e outros guerreiros aqui.

A força do Brasil com a música experimental
Paulo Barnabé: Eu acho que isso depende de cada um, de cada banda. Eu, por exemplo, sou um pouco devagar, demoro muito pra compor etc., isso impede um pouco a fluidez profissional. Essa mania que das bandas acharem que precisam lançar, por exemplo, um ou dois disco por ano é uma herança das exigências das gravadoras “majors” daquela época. Eu por exemplo nunca segui essa regra.

A relação de canais como MTV e revistas como a Rolling Stone com a música no Brasil
Paulo Barnabé: Todos esses grandes canais não passaram de um deslumbre total para as bandas que surgiram desde os anos 80. Mesmo sem eles existindo já haviam revistas, fanzines e programas de TV importantes na época, mas eram esses meios que, tanto o as bandas como o publico antenado viam na época.

O sobrenome “Barnabé” e o legado
Paulo Barnabé: Sempre pensei em mim como um ser pensante independente do sobrenome ou de qualquer herança. Tanto é que não o usei pro meu primeiro trabalho solo.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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