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Entrevista: PATO FU

24 de outubro de 20197 min read

O Pato Fu, um dos grupos mais originais e criativos do cenário pop atual e vencedor de um Grammy Latino de “Melhor Álbum Infantil” (2011), comemora 27 anos de estrada, com show mais do que especial, nesta sexta-feira (25/10), Carioca Club, em São Paulo. Todas informações sobre o show podem ser acessadas clicando aqui.

Com diversos discos de ouro conquistados e músicas em trilhas de diversas novelas, Fernanda Takai (voz), John Ulhoa (guitarra), Ricardo Koctus (baixo), Glauco Mendes (bateria) e Richard Neves (teclados) prepararam um verdadeiro best of da carreira, contemplando todas as fases da banda. No repertório, hits como “Canção Pra Você Viver Mais”, “Sobre o Tempo”, “Perdendo Dentes”, “Antes Que Seja Tarde”, “Simplicidade”, “Depois” e “Made in Japan”, além de regravações para “Ando Meio Desligado” (Os Mutantes) e “Eu Sei” (Legião Urbana), entre outros.

Figura sempre presente no Passagem de Som e na Revista Som, dessa vez foi John Ulhoa quem conversou conosco sobre toda a expectativa dessa apresentação e o futuro da banda. Esse bate papo você confere abaixo!

O show no Carioca Club
John Ulhoa: Nosso foco no momento é o Música de Brinquedo, mas gostamos de mesclar as duas turnês, pra gente não perder a pegada com os instrumentos “normais”. Já não consideramos o Não Pare Pra Pensar como “lançamento”, então estamos aproveitando pra ensaiar umas velharias pra incluir nesse repertório. Tem muita música que não tocávamos há anos.

O público do Pato Fu com Música de Brinquedo e os clássicos antigos
John Ulhoa: Tenho a sensação de que são públicos complementares, um leva ao outro. Muita gente vai ao Música de Brinquedo sem crianças acompanhando, vai pela música mesmo, pela performance com os instrumentinhos. E algumas pessoas que só ficaram curiosas com o Música de Brinquedo chegam ao Pato Fu “de raiz” por essa via.

O interesse pela música pop
John Ulhoa: Essa coisas são cíclicas, né? Mas o pop rock vive da vontade da garotada de montar banda. E isso tá bem em baixa no momento. Pouca gente querendo comprar guitarra e a vida digitalizada consomindo todo tempo que seria pra montar banda. Artistas montam “projetos”, não bandas de verdade – que ensaiam e tocam. Mas sei lá. Não me importo, desde que apareçam coisas legais, em qualquer estilo. De todo modo, ter banda é divertido, mesmo sem fazer sucesso, mais dia menos dia os moleques redescobrem isso. 

A sombra da censura e teocracia
John Ulhoa: Eu acho que a gente deu um monte de passos atrás nessas questões filosóficas. Voltamos a discutir coisas tão primárias que tenho vergonha dos resultados da retórica de minha geração, perante minha filha. O problema nem é ser governado pela direita ou patrulhado pela esquerda, mas por tapados e fundamentalistas religiosos. Não consigo conversar com essas pessoas. Acho que nem vão censurar minhas letras, simplesmente porque não chegam a perceber que estou falando deles.

O Pato Fu no mundo atual
John Ulhoa: Me sinto mais vigiado hoje em dia do que na época que formamos a banda. Não é só pelo clima político, mas pela era digital. E tem a questão das gravadoras, que ainda não foram substituídas por algo que assegure aos artistas autorais uma “profissão”. Artistas novos têm muita dificuldade de se manter sem outro emprego.

A possibilidade de relançamento dos primeiros álbuns do grupo
John Ulhoa: É complicado pensar nisso, pois os direitos sobre esses discos são regidos por diferentes gravadoras, editoras etc… e os contratos vão se misturando com novos, então, me dou por satisfeito em lançar digitalmente tudo que temos. Relançar CDs físicos acho que é inviável. Vinil pode até ser, pelo fetiche dos abnegados, mas também não chega a ser um “bom negócio”.

A relação entretenimento x arte
John Ulhoa: Acho que tem um espaço cada vez maior entre o mainstream e a maior parte dos artistas. Festivais imensos e caros fazem a pessoa ir naquele evento uma vez por ano, ao invés de frequentar pequenos shows todos meses… Quando começamos a tocar em grandes festivais, começamos a fazer menos shows próprios em casas menores, muito mais legais, nas mesmas cidades. Não foi uma boa mudança, na minha opinião. 

A música está se afastando das classes mais baixas da sociedade?
John Ulhoa: Não sei. As pessoas consomem muita música hoje em dia, e produzem também. Não acho que as classes mais pobres, ou qualquer outra, se afastariam da música por não conseguir um estudo técnico. Elas podem se afastar de uma guitarra ou um amplificador por falta de grana, ou falta de interesse nesses instrumentos, mas daí vão produzir outro tipo de som, com o que estiver à mão. O que quero dizer é que guitarra e amp sempre foi caro, difícil comprar pra quem tá mais duro, mas o caso é que não são mais o objeto de desejo da maioria dos músicos iniciantes.

Depois do show do Carioca Club
John Ulhoa: Bom, acabamos de lançar o DVD Música de Brinquedo 2, vamos promover ele um bocado por aí! Esperamos anunciar umas novidades em breve!

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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