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Entrevista THE FLOWER KINGS

12 de novembro de 20189 min read

É impossível pensar no rock progressivo sem lembrar de nomes como The Flower Kings, Spock´s Beard, Porcupine Tree e tantos outros que resgataram no início da década de 90 a essência de um gênero que fez história nos anos 60 e 70. Dono de uma discografia ímpar e capitaneado pelo genial guitarrista e vocalista Roine Stolt, o grupo sueco conseguiu ao longo dos anos se consolidar como uma das referências do gênero e retorna ao Brasil nessa semana para uma apresentação única e imperdível.

E não há dúvidas de que a ousadia sempre permeou a carreira do The Flower Kings. Dono de uma das suítes mais surreais já gravadas por uma banda, lançou Garden of Dreams, um épico de 60 minutos, no álbum Flower Power, de 1988. São discos duplos, álbuns ao vivo e uma rotina de produção e qualidade que caminha na contramão da música pop esbanjando qualidade em faixas longas e repletas de detalhes. Longe do Brasil há duas décadas, o The Flower Kings chega ao país pronto para o lançamento de um novo álbum, Manifesto of an Alchemist, mas disposto a realizar um show épico para o público, contemplando uma fase específica de sua carreira.

O Passagem de Som teve a honra de conversar com Roine Stolt, a principal mente por trás do trabalho do The Flower Kings, antes dessa que promete ser uma das grandes turnês de 2018!

O retorno ao Brasil após duas décadas
Roine Stolt: É sempre bom estar de volta a um lugar que você gosta. Como foi bem lembrado, faz um longo tempo que não tocamos no Brasil. Nós tivemos muitos álbuns nesse período, mas dessa vez vamos concentrar nosso repertório em discos que lançamos entre 1994 e 2002. É sempre bom tocar no México e nos países da América do Sul. Vocês são realmente ótimos!

O lançamento do novo álbum, Manifesto Of An Alchemist, após a turnê pelo Brasil
Roine Stolt: Apesar da proximidade do lançamento, a realidade é que não estamos tocando nada de Manifesto of an Alchemist nos shows atuais e vamos concentrar o repertório realmente em faixas clássicas do The Flower Kings. Acredito que nossos fãs vão se divertir bastante com faixas como Stardust We Are, There is more to this World, I am the Sun, The Truth Will Set You Free e tantas outras. Será um show intenso e com músicas que amamos tocar e acreditamos que nossos fãs também querem ouvir.

Os insano ritmo de lançamentos do The Flower Kings
Roine Stolt: Nós apenas fazemos música, é simples. É claro que nós temos influências diferentes ao longo desse caminho, de outros estilos e de sonoridades, mas sempre tentamos fazer uma música que nos dê prazer.

Toda vez que fazemos um álbum nós temos em mente que estamos fazendo algo realmente bom e que vai fazer sentido na vida das pessoas por um longo tempo.

O legado técnico e criativo do The Flower Kings o transformou em uma banda chamada “clássica” do rock progressivo?
Roine Stolt: Eu não acredito que possamos ser chamados de um “supergrupo”, mas sim, somos um ótimo grupo com músicos incríveis. Todos nós tentamos ser e nossa música demanda isso, a produzir um trabalho com muitas estruturas complexas.

Depois de 12 álbuns de estúdio e muitos discos ao vivo e videoclipes, sim, eu acredito que o The Flower Kings hoje pode ser considerado uma banda clássica. Talvez não possamos estar no mesmo patamar de gente como um Yes, ELP ou Genesis, mas é claro que somos uma banda clássica e influente, que construiu sua história no mundo do rock.

O neo-progressivo e o futuro do gênero
Roine Stolt: A internet proporcionou um grande impacto no trabalho de músicos como Steven Wilson e bandas como o Marillion. Eles conseguiram lançar muita coisa interessante nos últimos anos e tivemos a oportunidade de ver muita gente legal surgir, caso de bandas como Von Hertzen Brothers, Haken, Animals as Leaders, Beardfish etc. São bandas com sangue novo, gente jovem querendo fazer música. E claro, temos o caso de maior sucesso nesse processo, como o Muse.

O que acontece na Suécia para nascer tantos bons nomes na música mundial?
Roine Stolt: Não consigo encontrar alguma razão para que a Suécia venha a produzir tantos bons nomes em diferentes gêneros musicais e que façam sucesso em todo o mundo. Posso dizer que sinto muito orgulho de bandas de prog como o Opeth, Anedokten, o Pain of Salvation, Ritual e, claro, o The Flower Kings. No metal com o Meshuggah e o Europe e até no pop, com a cantora Robyn e Max Martin.

As temáticas que envolvem o prog rock moderno
Roine Stolt: Bem… acredito que a minha música apenas reflita aquilo que eu vejo do mundo. E isso pode ter a ver com política, cultura, religião, etc. Tudo o que sentimos é transposto na música como se fosse um espelho do mundo e suas tendências, seja isso bom ou ruim.

A importância do álbum Adam & Eve na carreira do The Flower Kings
Roine Stolt: Vou ser honesto, mas acho que Adam & Eve é um álbum importante, porém dentro de uma cadeia de álbuns que mostram a evolução da banda. Ele tem um significado para a banda, mas acredito que Stardust We Are e Unfold the Future são ainda mais importantes para nós porque mostra nossa evolução. Alguns artistas medem o sucesso de seus discos pela vendagem de seus álbuns, mas não é o nosso caso, temos um público que é bastante dedicado ao nosso trabalho e que sente prazer em ter nossa discografia em casa.

Futuro
Roine Stolt: Nós estamos indo para a Argentina, Chile, Peru e México para mais shows e depois teremos três dias em casa até embarcarmos para uma turnê europeia junto com os americanos do Spock’s Beard, que também são veteranos do rock progressivo. Estamos muito empolgados com essa turnê porque vários shows já estão esgotados em vários países. E como eu disse no início, é empolgante demais para nós da banda tocarmos material somente entre 1994 e 2002, são algumas das melhores faixas do The Flower Kings.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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