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Haken | Entre o simples e o absurdo

29 de janeiro de 20195 min read

Não é novidade que vertentes como prog metal seja uma das vertentes mais apreciadas pelo público brasileiro ao longo dos últimos anos. Bandas como o Dream Theater gozam de um prestígio assustador no país sendo capazes de lotar espaços de médio e grande porte com um repertório que caminha distante de qualquer rádio ou programa de TV. A relação entre peso e técnica, somada a uma atmosfera bem desenhada parece ter caído no gosto do público de música mais pesada e nos últimos anos bandas como Opeth e o genial Steven Wilson ganharam destaque no calendário com shows lotados pelo país.

Por isso não é de surpreender que a primeira apresentação dos ingleses do Haken no Brasil seja o pontapé perfeito para um ano de grandes apresentações internacionais em 2019. Com show único no Brasil, no Fabrique, em SP, o grupo formado em 2007 terá a chance de apresentar faixas de seus 4 impressionantes álbuns, mostrando que rotular sua música pode ser bastante arriscado, dado o alto grau de influências díspares que carrega em faixas que vão do erudito ao metal mais tradicional ou até do pop ao jazz.

Turbine a ousadia do Muse. Dê um tempero diferente ao Dream Theater e se inspire em elementos de Queen e Uriah Heep. Está tudo ali no Haken, que explora em um número absurdo de texturas uma música atmosférica e técnica, digna de quem não tem medo de arriscar.

Liderado pelo virtuoso guitarrista e tecladista Richard Henshall, o Haken passou por mudanças em sua formação, mas tem mantido intacto seu line up nos últimos 5 anos, contando ainda com o vocalista Ross Jennings, que permanece desde a formação inicial da banda, assim como o baterista Raymond Hearne, além do guitarrista Charles Griffiths, o tecladista Diego Tejeida e o último a entrar no grupo, Conner Green, que substituiu um dos fundadores do grupo, Thomas MacLean.

Muito do que dá forma ao som do Haken vem até da própria juventude de seus integrantes. São músicos novos e que não tem medo de arriscar. Formada durante o período de colégio, o grupo nasceu sem muitas ambições e se apresentava em pequenas casas de Londres durante a turnê de seus dois primeiros álbuns, Aquarius (2010) e Visions (2011), mas foi com The Mountain (2013), seu terceiro trabalho, que o grupo chamou a atenção de nomes como Mike Portnoy e Neal Morse, sendo chamados para excursionar como banda de abertura de dois pilares do prog metal mundial.

A partir daí tanto crítica como público passaram a ver com mais atenção o som do grupo, que vai muito além da tão exigida técnica “exigida” no prog metal. Abusando das possibilidades, tanto The Mountain como Affinity, lançado em 2016, foram vistos como alguns dos melhores lançamentos de prog metal dos últimos anos. Justamente por quebrar cada vez mais a barreira que o gênero proporcionou na primeira década desse século.

Mais que uma banda do presente, o Haken é hoje – mesmo com quatro discos e um EP – uma banda que simboliza bem o futuro do prog metal. Futuro que é trilhado sem uma linha definida e sem paredes ao seu redor.

Com sua primeira tour pela América do Sul, a banda inglesa chega no auge de uma carreira que tende a ser bastante duradoura. E isso deve acontecer justamente por agradar até mesmo aos fãs mais conservadores de rock progressivo e reunir cada vez mais elementos em uma música que, ao invés de se tornar complexa, parece buscar uma simplicidade que vai na contramão da megalomania do prog metal. E também a prova de que a banda está, mais do que nunca, no caminho certo.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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