Acompanhe nossas redes sociais

Now Reading: Jeff Beck e os 50 anos de Blow by Blow

Loading
svg
Open

Jeff Beck e os 50 anos de Blow by Blow

16 de janeiro de 20256 min read

Lançado em 1975, primeiro disco assinado somente com o nome do guitarrista inglês foi responsável por seu decisivo reposicionamento musical e ascensão como um dos maiores nomes das seis cordas.

Existem discos que são verdadeiras viradas de chave. De Rolling Stones a Pink Floyd, independente do gênero musical, existem momentos em que fica claro que cada artista achou não só o seu nicho, mas a conexão com os fios que lhe colocariam na estrada certa para fazer história. No caso do mítico guitarrista inglês Jeff Beck, Blow by Blow é esse álbum. Primeiro disco assinado somente com seu nome, o disco conectou sua música com o jazz, com o rock e o soul alçando sua história a um panteão por onde permaneceria nas décadas seguintes.

Nunca houve dúvidas de que Jeff Beck seria um grande guitarrista. Com o Jeff Beck Group lançou bons álbuns e teve em sua formação nomes como Ronnie Wood, Rod Stewart, Bob Tench e Cozy Powell em uma bela sequência de álbuns, assim como na formação do poderoso trio ao lado de Tim Bogert e Carmine Appice, que acabou implodindo ao melhor estilo Cream depois de uma tumultuada turnê pelo Japão – e que gerou um dos maiores discos ao vivo da história. Dali para frente tudo soaria como um recomeço e foi quando Blow by Blow começou a ser produzido.

Primeiro trabalho assinado somente como Jeff Beck, o disco conta com vários fios que o tornariam o trabalho lendário. O primeiro deles, certamente, foi contar com a produção de George Martin (sim sim, o mesmo de Sgt Peppers…), que havia chamado a atenção do guitarrista por seu trabalho com a Mahavishnu Orchestra. Nessa época o fusion jazz era a bola da vez e John McLaughlin havia levado o mítico produtor para o estúdio, dali para o amigo Jeff Beck era questão de tempo, especialmente depois do ótimo Apocalypse – da Mahavishnu – seduzir o guitarrista inglês.

Com músicos com quem já havia trabalhado, como Max Middleton (a título de curiosidade, a faixa Max’s Tune, do álbum Rough and Ready, de 1971, talvez seja uma das poucas vezes que Jeff Beck abriu margem para seus músicos, daí o tamanho da amizade), o disco teve colaborações de peso, como Stevie Wonder, que acabou dando ao inglês aquela que se tornaria uma das faixas mais emblemáticas de sua carreira, Cause We’ve Ended as Lovers, além da belíssima Thelonius, onde toca clarinete.

Composto por 9 faixas, Blow by Blow é um soco no estômago. Afiado e com um nível de qualidade surpreendente, o disco é um mergulho pelo que há de melhor na carreira de Jeff Beck. Até mesmo o cover de Beatles, em She’s a Woman, acabou se tornando “autoral” no disco. Autoral no sentido de que perdurou no setlist dos shows até sua morte, em 2023. Sua versão era impecável. Repleto de groove, o disco tem faixas como Scatterbrain, que até hoje desafia guitarristas a tocar suas notas com a mesma precisão. Se você duvida, pode tentar a sorte até mesmo no divertido Guitar Hero 5, que deu a seres humanos normais a chance de tocar como seus ídolos nesse século através de um vídeo-game. É talvez nela que George Martin mostre as razões que o levaram a ser a maior joia dos estúdios ingleses naquela geração.

Não faltam bons momentos no disco, como Constipated Duck, a épica Freeway Jam e You Know What I Mean, que logo de cara impressiona pela sintonia de Jeff Beck com seu novo formato. Tudo é cristalino a ponto de servir como base para inúmeros audiófilos usarem o disco como referência de som até hoje.

E mesmo sem erros, uma das maiores surpresas do disco é guardada pra seu final, com Diamonds and Dust, escrita por Bernie Holland. Guitarrista da banda Hummingbird, sua história se conecta a Jeff quando seu vocalista Bob Tench troca de grupo e assume a posição no álbum Rough and Ready, de Beck.

O que acontece daí por diante é história. Sucedido por Wired (1976) e There & Back (1980), a trinca é considerada a melhor da sua carreira, consagrada definitivamente. Talvez o disco que sintetize de forma clara por qual motivo se tornou ídolo daqueles que viriam a se tornar os maiores guitarristas do planeta, Blow by Blow é uma porta de entrada que não pode ser esquecida. Certamente Jeff Beck gostaria que esse álbum se tornasse a porta de entrada pra sua música. 

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

Tagged In:#disco, #Jeff Beck,
svg

What do you think?

Show comments / Leave a comment

Leave a reply

You may like
Loading
svg