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Jonathan Ferr e o Jazz do futuro

25 de setembro de 20233 min read

Há alguns anos o guitarrista Gary Clark Jr lançou um álbum chamado This Land, referência à clássica canção americana que evoca a integralidade em tempos onde isso se faz cada vez mais necessário em um mundo que se divide. Musicalmente, ele também surpreendia, afinal, da imagem estereotipada do blues, ele finalmente abraçava vertentes contemporâneas e soava atual. Atual não, mas olhando para o futuro. E isso é algo que o pianista Jonathan Ferr nunca deixou de fazer com seu jazz. Um jazz que não é só jazz. É hip hop, soul, eletrônico e canta os centros urbanos. É uma música que olha para o futuro, especialmente em seu novo álbum, Liberdade.

Artistas como o pianista carioca são mais que necessárias e motivos não faltam. Graças a músicos dispostos a furar a bolha estética que criamos ao longo dos últimos 30 anos, os gêneros evoluem, sejam eles quais forem. Imagine isso com o jazz, que hoje se torna cada vez mais inacessível e virou artigo de luxo em festivais.

Ao ouvir Liberdade, o jazz volta para as periferias. Volta para a consciência social e a importância de não ser música de sala de visita, mas de transformação. Como fio condutor do disco, nomes como o descolado Rashid e o duo ÀVUÀ, em Meu Sol, Luedji Luna, em Rio Nilo, e uma trinca de rappers formada por Coruja, Zudizilla e Lossio, em Lá Fora. Só para se ter ideia do que um pianista de jazz consegue levar para o estúdio.

Ao abraçar outras vertentes, Jonathan Ferr também deixa de ser o único protagonista de seu álbum. Nele, o jazz sobe um degrau e pode exprimir diversas emoções, graças à força de convidados e da direção sonora que entrega em pouco mais de meia hora. Ainda assim, carrega uma sensibilidade que mostra a razão do pianista ser um dos grandes representantes da música contemporânea por essas bandas. We Never Change, com a cantora inglesa/carioca Jesuton é uma obra de arte capaz de fazer qualquer Alicia Keys ficar de queixo caído.

Com diversos convidados, o disco diz muito com muito pouco. Deixa a gente com a sensação de “quero mais”, tamanha facilidade com que se desenrola. Mais importante que isso, Liberdade deixa a gente pensando em como será daqui para a frente, a principal mensagem que carrega ao longo de suas 10 faixas. Seja pelo NOSSO futuro ou o futuro da música, embora esse, especialmente do jazz, passando pela mão de nomes como Jonathan Ferr, Amaro Freitas e tantos outros, esteja em boas mãos.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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