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Justiça para o Justice!

2 de junho de 20244 min read

Sobrevivente da onda disco punk do início do século e influenciado pela French Touch, o Justice finalmente está de volta. Em Hyperdrama, Gaspard Augé e Xavier de Rosnay voltam novamente a fazer o público dançar como se estivesse em um show de rock, mas nem tanto.

Quando Cross, álbum de estreia do Justice, foi lançado em 2007, o mundo do rock havia virado uma pista de dança. A onda disco punk de nomes como Franz Ferdinand, Killers e tantos outros havia levado o rock para os clubs e a música eletrônica passava por um processo de transição onde a música da dupla francesa caía como uma luva.

Depois do EP que fez com que a faixa D.A.N.C.E. fosse hit mundial (mas mundial MESMO!), o Justice virou queridinho de público e crítica, causou frisson e… desapareceu. Talvez nem tanto, mas ao sair do radar, os franceses acabaram se tornando uma espécie de lembrança daquela primeira década. Não por acaso, Hyperdrama, seu mais recente álbum, emerge como uma das mais gratas surpresas em 2024.

Comparado com os últimos anos, quando lançou os razoáveis Audio, Video, Disco (2011) e Woman (2016), o cenário também soa muito mais desafiador para o Justice. Com a ascensão da música eletrônica sobre a música pop em geral, o que o grupo fez no passado soaria datado, mas no caso de Hyperdrama, o Justice se reinventa sem perder a identidade e lança um disco que tem exatamente aquilo que lhe consagrou naquela época, uma fusão de house francês (a famosa French Touch), electro e até de rock, mais ou menos como o Daft Punk fez um dia. Em seu novo disco, o duo francês se posiciona finalmente ao lado dos mais nomes importantes da sua geração sem soar como cópia e em uma única prateleira.

Faixas como Neverender, Mannequin Love e Generator são bons exemplos de acertos em seu novo trabalho. Dançantes, carregadas de um certo peso e pop o suficiente para fazer uma pista dançar ou até mesmo esperar aquela banda modernosa de rock subir ao palco. Tudo soa exatamente como esperava-se do Justice em 2011, mas que só acontece agora, de forma tardia, ainda que justa. Nunca o nome da dupla fez tanto sentido como agora.

Com seu novo álbum, repleto de boas faixas, os franceses colocam novamente um pé no circuito sempre efervescente de festivais de música eletrônica, desde que não cometa o erro do passado em pensar que é uma banda de rock, algo que tornava seus sets no auge da carreira uma experiência muito menos agradável do que sua música poderia proporcionar. Seria uma pena se faixas tão bem produzidas como as novas Incognito e Dear Alan se perdessem no seu repertório.

Com quatro álbuns em quase duas décadas de carreira, o Justice retoma o lugar de onde nunca devia ter saído, mas que não fez por merecer estar ao longo dos últimos anos. Não se trata exatamente de um retorno, mas se considerássemos dessa forma, não seria de todo mal. O Justice está de volta melhor do que nunca e isso faz justiça à sua história.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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