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LCD Soundsystem e os 20 anos do disco levou o punk para as festas eletrônicas

16 de janeiro de 20255 min read

Lançado em 2005 e até hoje celebrado como um dos discos mais importantes desse século, trabalho de estreia do grupo de James Murphy pavimentou a estética dance-punk e criou uma nova forma de se dançar (especialmente em shows de rock).

O ano era 2005 e o mundo da música vivia um de seus períodos mais confusos. Medalhões pouco ofereciam à medida que o britpop e o grunge praticamente foram sepultados com a estética que se consagraram. Com o new metal em ebulição e a música eletrônica carecendo de inovação, os chamados Superstar DJs dos anos 90 oscilavam e a armada holandesa fazia do trance uma das vertentes mais populares do planeta. Algo precisava acontecer. E aconteceu.

Lançado em 2005, o disco de estreia do LCD Soundsystem é a coroação de uma fase onde o rock novamente fazia o mundo dançar. Começou na virada do século com a estreia dos Strokes e o surgimento de uma avalanche de bandas que ficariam conhecidas dentro do movimento dance-punk (ou disco-punk), mas nenhuma delas era capaz de penetrar no mundo da música eletrônica até então.  É aí que James Murphy, a mente por trás do LCD Soundsystem, promoveu uma mistura somente comparada com a época em que o Chemical Brothers lançou o clássico Dig Your Own Hole, em que rádios rock tocavam Block Rockin’ Beats. Agora era o inverso.

Em uma parceria realizada entre a EMI/Capitol e a DFA, um dos selos mais interessantes desse século, o disco de estreia do LCD Soundsystem chamou a atenção com Movement, uma faixa que caberia no mais punk dos festivais e… em uma festa de música eletrônica. Parecia improvável, mas meses depois, com a nostálgica e dançante Daft Punk Is Playing at My House, o disco já ganharia o mundo.

Definir o que se tornou o LCD Soundsystem depois disso é até complexo, especialmente pela sua presença em tantos eventos até então díspares. De Glastonbury ao Skol Beats (sim, isso aconteceu), os americanos nem de longe parecia ter noção de onde se apresentavam, não representando exatamente a estética do público presente, mas fazendo todos dançarem. E, de fato, sua música não falhava nisso. Podia ser explosiva como em Tribulations ou melancólica como Never as Tired as When I’m Waking Up; em seu disco de estreia, a impressão que se tinha é que o LCD conseguiu capturar com perfeição as angústias daquela geração, o que lhe deu trânsito em qualquer tipo de ambiente, independente de como se vestisse.

Porém, o mais importante se dava no palco. Ao invés de integrantes em controladoras, o grupo se apresentava como uma legitima banda de rock.  Nancy Whang, Tyler Pope e Pat Mahoney completavam o grupo, que contou com diversas participações em seu disco de estreia, produzido nos porões da DFA e mixado pelo consagrado Andy Wallace (que tinha no currículo Walk this Way, do Run-DMC e Aerosmith). Como se vê, misturar estilos não era problema para ele.

Para muitos, o LCD Soundsystem pode ser considerado o Talking Heads de sua geração e isso faz sentido, especialmente pelo status cult que ambos os nomes ganharam no momento em que atingiram o seu auge enquanto transitavam pelo mundo pop. Em um mundo onde prateleiras com estilos enquadravam artistas, James Murphy conseguiu dar um nó na cabeça de quem organizava as finadas lojas de discos (ou que até hoje alimentam os algoritmos de streaming).

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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