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Nasi além do óbvio, mas nem tanto

5 de fevereiro de 20243 min read

Em novo álbum solo, vocalista do Ira! estampa em letras garrafais que não é só rock, mas também não só blues. E abre o leque de oportunidades em Rocksoulblues

Não deveria ser exatamente uma novidade, mas às vezes é necessário soar como se fosse. À frente do Ira! por décadas e vivendo um dos momentos mais especiais da carreira, Nasi lançou nesse início de ano seu novo trabalho de estúdio, o bom Rocksoulblues, disco que estampa suas grandes paixões, ainda que nem precisasse deixar isso claro.

Assim como em seus últimos lançamentos, em especial o bom Perigoso, de 2012, o vocalista do Ira! explora em 8 faixas as vertentes pelo qual sempre foi apaixonado. Parece redundante, mas para quem se ligava em sua carreira solo desde os anos 90, ao lado dos Irmãos do Blues, a impressão que se tinha é que Nasi tinha os dois pés totalmente atolados em um único gênero. E não é bem assim.

Ao melhor estilo Johnny Cash e Eric Burdon, Nasi explora versões de clássicos do Ira! (nesse caso é com Dias de Luta), divide os vocais com a talentosa Nanda Moura e Jeff Berg em O Caveira, faixa de Martinho da Vila composta há mais meio século e presente no álbum Origens, além de uma porção de versões que se aglutinam com rara felicidade.

Trata-se de um disco curto, de menos de meia hora, mas que ao ser desbravado, abre o leque de influências do vocalista e de homenagens a grandes nomes. Dentro do universo de rock, soul e blues de Nasi, Zé Rodrix (que ganha uma versão engraçadíssima de Devolve meus LPs) e Muddy Waters (na nova leitura do épico Rollin’ and tumblin’) caminham lado a lado. É diversão garantida. Até mesmo Erasmo Carlos, em Não Te Quero Santa, surge em uma belíssima roupagem.

Não, não é um disco que vai mudar a sua vida, longe disso. E talvez nem seja essa a ideia de Nasi, mas se torna divertido buscar de onde foi feito o repertório do álbum que celebra – literalmente, afinal, foi lançado no dia de seu aniversário – os seus 62 anos. Um verdadeiro sobrevivente não só do rock, mas da música brasileira.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

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