Acompanhe nossas redes sociais

Now Reading: Oito décadas de “Paradas de Sucesso”

Loading
svg
Open

Oito décadas de “Paradas de Sucesso”

23 de julho de 20166 min read

Hoje essenciais em qualquer programação de rádio ou mídia de qualquer segmento envolvido com música, as famosas “Listas de Sucessos” se tornaram o verdadeiro termômetro da indústria fonográfica ara medir o sucesso de um artista.

Seja a música mais tocada ou o disco mais vendido, os famosos “charts”, tradução literal de gráficos, mostram como funciona o mundo da música, o que pode ser decisivo para a sequência da carreira de muitos artistas. Mas quem teve a ideia de publicar um Hit Parade pela primeira vez? 

Faz tempo… faz muito tempo… a primeira publicação de um Hit Parade aconteceu em 1936 pela hoje consagradíssima revista Billboard, exatamente no dia 4 de janeiro. E tudo aconteceu de uma forma que, pensada em tempos atuais, soa até ingênua ao mercado, já que a primeira lista publicada fugia de um padrão que praticamente não aguçava a curiosidade do público em ouvir novo material. 

Publicadas apenas em caráter informativo, as listas de músicas lançadas em um mês eram publicadas sem critério algum, apenas funcionando como caráter informativo por revistas e rádios.

A primeira mudança se deu justamente na forma como essas músicas passariam a ser selecionadas, deixando separadas as gravações das composições. Isso por si só já incentivaria o público a começar a definir qual era o artista que gostava mais. Em paralelo a isso estávamos tratando dos primórdios do rock and roll, e mesmo com um aumento de popularidade, a realidade acabou se mostrando dura na relação entre compositores originais e covers, já que logo se tornaria nítida a preferência do público pelas versões originais. 

Com o público opinando diretamente em quais eram as melhores versões e novas composições, logo outros canais e perceberam que essa “disputa” se tornaria o verdadeiro gancho para a promoção e busca de novos ouvintes. Na Europa, percebendo o sucesso desse formato, emissoras passaram a adotar uma posição mais comercial e passaram a promover artistas locais.

Essa decisão foi fundamental para a ascensão da BBC no início da década de 50. O termo Hit Parade se popularizou de forma definitiva já na década de 50, sendo publicado semanalmente e dividido por categorias. Essa “corrida do ouro” influenciou diretamente na explosão de nomes como Elvis e Beatles, favoritos do público e das emissoras. O ranking dos charts da época seriam também responsáveis pela métrica dos empresários para definir cachês e estrutura de apresentações, visto que tinha-se a real ideia do sucesso de seus clientes. E mesmo com as rádios e a venda de compactos e discos nas lojas, quem realmente se deu bem com a criação do Hit Parade foi a TV, que cada vez mais fez desse canal um artifício para altas audiências.

O primeiro deles, patrocinado pela marca de cigarros Lucky Strike, chamava-se Your Hit Parade e ganhou espaço na TV a partir de 1950 após 15 anos no rádio. O programa teve duração de quase uma década e apresentou alguns dos maiores artistas da época regularmente aos sábados, formato comum em canais populares até hoje. Para se ter ideia da grandeza do Your Hit Parade, Frank Sinatra e Doris Day eram presença certa no programa. A associação de marcas com artistas também se tornou um grande chamariz em virtude das paradas de sucesso.

Tendo a Lucky Strike como principal patrocinadora, logo os próprios artistas se tornariam garotos propagandas de diversas marcas, invariavelmente ao estilo que executavam. E exemplos não faltam para mostrar o quão rentável as Paradas de Sucesso se tornaram. Programas como Top of the Pops, Shindig e muitos outros faziam a alegria do público à medida em que artistas procuravam seu lugar ao sol. 

Hoje, 80 anos após a publicação do primeiro Hit Parade da Billboard, o mundo da música se orienta completamente da posição dos artistas em cada chart do mundo. Hoje com dezenas de novas categorias voltadas às velhas e novas vertentes, a música segue contemplada por premiações de canais de TV e até da própria indústria fonográfica, caso do Grammy, que começou a ser realizado em 1959. Tudo isso frente à sequente queda na venda de discos.

Essa escalada do processo de divulgação da música explica porque movimentos independentes parecem viver uma realidade cada vez mais paralela. Afinal, o que caracteriza o verdadeiro sucesso de um artista? Do que ele depende? Perguntas sem respostas que os próximos 80 anos se encarregarão de nos mostrar, mas por enquanto o que mais martela na nossa cabeça é… quem é o número 1?

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

You may like
Loading
svg