Em novo álbum, trio que conta com uma das partes do Empire of the Sun reassume o comando da história, desponta com grandes parcerias e dá ao mundo mais uma referência para a música dançante
Imagine você ter em seu currículo mais de duas décadas de existência, parcerias com gente do calibre de Elton John e ser reconhecido como um projeto paralelo em virtude de um de seus membros ser lembrado por fazer parte de outro grupo. É mais ou menos o que acontece com o PNAU, que lança agora seu novo disco, o mega dançante Hyperbolic, que promete fazer a alegria de DJs ao redor do globo.
Que se entenda, o PNAU existe desde o fim dos anos 90, mas tem uma espécie de buraco na carreira, só retomado após o reconhecimento de Elton John. Formado pelos irmãos Littlemore, Nick e Sam, além de Peter Mayes, o trio conseguiu destaque com o álbum de estreia, Sambanova, lançado em 1999, mas sucumbiu após Again não cair na graça do público, três anos depois. Tudo andava meio caótico até que Nick formou com Luke Steele o Empire of the Sun, conseguindo emplacar aquilo que o PNAU até então não havia conseguido, um hit. Ouça We are the People e comprove. Pronto, foi aí que rolou a inversão da história. E, de repente, o PNAU era o projeto paralelo de um integrante do Empire of the Sun.
Resumidamente, esse é o ponto de virada do PNAU, que só recuperaria sua moral em 2010, quando o álbum Soft Universe foi descrito por Elton John como um dos melhores álbuns da década. A parceria no excelente EP Good Morning to the Night (2012) foi suficiente para fazer o trio, às vezes uma dupla, novamente ganhar projeção. Mas ainda era “o projeto do cara do Empire of the Sun com o Elton John”. O álbum Changa, lançado em 2017, era a aposta, mas não pegou tanto. Por isso, Hyperbolic é também um divisor de águas na carreira do grupo.
Disco que tem inúmeras parcerias, Hyperbolic é fácil o maior disco do PNAU. Dadas as devidas proporções, ele lembra bastante o que o Disclosure fez em seu trabalho de estreia, repleto de nomes consagrados. De certa forma, a fórmula do disco segue a esteira do sucesso do remix de “Cold Heart”, parceria entre Elton John e Dua Lipa. Para se ter ideia, em seu novo álbum o PNAU conta com Khalid, Bebe Rexha, Troye Sivan, entre outros, e em uma ironia completa, inclusive o Empire of the Sun.
Desde o primeiro single do disco, AEIOU, até So High, que encerra o disco, tudo em Hyperbolic nasce com cara de que vai ganhar inúmeros remixes. Tudo é dançante, alegre e POP, extremamente POP. Não que isso seja ruim, mas nitidamente tudo é produzido sob medida para agradar mais que um público, mas o algoritmo das plataformas digitais. E nesse termômetro, não é por acaso que The Hard Way com Khalid ocupe os números mais expressivos.
Não, isso não é exatamente ruim. Na verdade é o sonho de qualquer artista, afinal, ter seu nome vinculado aos grandes nomes do pop significa manter-se em evidência, especialmente depois de amargar um período obscuro, onde parecia estar condenado e não mais voltar ao mainstream. Por esse motivo, Hyperbolic acaba sendo o pulo do gato para o PNAU, se expresso “David Guetta ou Calvin Harris” para se manter como um dos nomes mais dançantes da atualidade.
Sabemos que a música eletrônica é mutável e tudo muda rapidamente, mas ao ver o PNAU se tornar expressivo e tão potente – ou mais – que o Empire of the Sun, as coisas parecem ter voltado novamente para o lugar certo. E a música ganha muito com isso, especialmente a música pop.