Revista Som 30.
Desde que comecei a produzir essa nova edição, sabia que ela teria que ser especial. Nas pautas, na entrevista, em tudo. Quando a capa foi definida, o coração pulsou mais forte, afinal, não se tratava somente de um dos maiores artistas da história da música, mas um ídolo em especial: Marcos Valle. E aconteceu.
Ao longo de mais de 10 páginas, fiz questão de não remover um único parágrafo de uma entrevista que nos faz viajar pelo tempo. Não eram só histórias, mas uma declaração de amor à música realizado por um artista que soube como poucos lidar com o tempo. E que celebrou em 2023 seus 80 anos disposto não só a contar suas histórias, mas seguir escrevendo novos capítulos dela. Não é exagero, esse é um dos maiores registros que a Revista Som teve em toda a sua história.
Falando em história, pois é, 30 edições. Lá atrás, quando ainda buscava o formato, desafiando o algoritmo com publicações em Flash, muita coisa teve que ser adaptada. Gradualmente, cada texto daquela época será publicado em um novo formato, acredito ter encontrado hoje a melhor forma de disponibilizar esse conteúdo, daí um orgulho imenso em publicar cada nova edição. E nessa não faltam grandes nomes, como se vê abaixo.
Essa edição é especial em todos os sentidos e a última página da revista deixa isso claro. Tem muita história para contar. Muita mesmo. E muita gente para ser lembrada.
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Nesta edição você confere:
Quinteto Violado
Podia ser só música, mas não é. Podia ser só história, mas também não é. Ao exaltar as tradições nordestinas em formato de música desde os anos 70, o Quinteto Violado segue como um vetor cultural que, ao celebrar cinco décadas de carreira, lança novo single e mostra que ainda existe muito a ser contado.
Mohini Dey – Entre dois mundos
Entre o jazz e o funk, Mohini explora em ótimas 9 faixas, a imponência técnica e a capacidade de criar melodias, se saindo bem ao flutuar segura na linha tênue que divide a capacidade de criar boas músicas e não focar em uma exacerbada “masturbação” com mil notas por segundo, problema que acaba tornando músicos dependentes apenas de outros músicos.
Cindy Wilson
Poucos nomes na música são tão vinculados a uma pista de dança como o The B-52’s. O grupo se mantém ativo, muito mais em clima de celebração, mas ainda relevante. Enquanto isso, seus membros seguem uma vida pacata e
que rende nesse 2023 o álbum Realms, segundo disco solo de Cindy Wilson.
Suzi Quatro e KT Tunstall
Parece até surreal, mas talvez nem tanto. Se você se surpreendeu com a parceria entre Dolly Parton e Rob Halford (vocalista do Judas Priest), vale a pena dar uma olhada em outra das grandes parcerias realizadas em 2023. Trata-se de Face to Face, disco oriundo de uma parceria entre a veterana baixista, personalidade da rádio e atriz norte-americana Suzi Quatro
e a descolada cantora, compositora e multi-instrumentista escocesa, KT Tunstall.
Bebel Gilberto a pratos limpos
De voz adocicada, a MPB de Bebel ganhou elementos que a situaram em meio a uma tendência onde pitadas de música eletrônica furariam a bolha da bossa-nova.
Em João, título do disco, esqueça isso. Voz e violão, exatamente como o pai escreveu seu nome na história. Estão lá todos os clássicos que você conhece. Ela é Carioca, Eu vim da Bahia, O Prato, Desafinado, Eclipse e a simbólica Você e Eu. Parece tudo óbvio e talvez até seja, mas necessário.
Tagua Tagua
Não são necessários mais que 2 minutos para perceber aquela sensação confortável de “isso vai ser legal”. Em seu segundo álbum, Tanto, o projeto Tagua Tagua, de Felipe Puperi, ex-Wannabe Jalva, explora a eficiente fusão entre soul e uma pitada de elementos psicodélicos, construindo uma atmosfera que não tem como falhar, quase em compasso de lounge music, garantindo a audição de um disco bem trabalhado e sensível.
Letrux e a mulher girafa
Em terceiro trabalho como Letrux, artista carioca rompe a barreira do segundo álbum, estabelece sua sonoridade moderna e abre caminho como uma das mais interessantes artistas da música (nem tão) popular brasileira!
DJ Marky – Sem tempo a perder
Verdadeiro patrimônio da música eletrônica, Marco Antonio da Silva, o popular DJ Marky, segue firme como nosso Hendrix dos toca-discos. Em The Time is Right, o produtor vai além do drum and bass que o consagrou, abre portas e celebra sua história.
Jards Macalé – Coração Bifurcado
É de rara beleza, mas também não é um disco fácil. Para quem vem conferindo os últimos lançamentos de Jards Macalé, em especial o ótimo Besta Fera, que rendeu uma turnê fantástica antes de Síntese do Lance, última parceria com João Donato, talvez tome um susto, mas o fato é que, em Coração Bifurcado,
novo álbum do artista carioca, parcerias e sonoridades do passado se encontram com o presente e apontam para o futuro. E nele, assim como o coração, tem espaço para todos.
O futuro do jazz é hip-hop / O futuro do hip-hop é o jazz
Lançado há 30 anos, o primeiro disco da série Jazzmatazz é o fio que une duas vertentes que nasceram das classes baixas e emergiram nas
últimas décadas. Produzido pelo rapper americano Keith Elam, o Guru, o álbum revolucionou o hip hop e promoveu pela primeira vez – e de forma definitiva – o
encontro entre o jazz e hip hop. Um encontro parece fadado a garantir uma revolução em ambos os gêneros.
Leitura: Copacabana – A bíblia da orla
Em um momento de nossa história onde falar sobre a orla de Copacabana normalmente envolve perigo e tensão para aqueles além do Rio de Janeiro, especialmente no período noturno, mergulhar de cabeça na história do bairro mais famoso do Brasil pelas palavras do lendário musicólogo e jornalista Zuza Homem de Mello é muito mais que um alento, mas uma gota de esperança por dias melhores. É nesse clima de romantismo, seja dos amores ou decepções, que ganha forma o livro Copacabana: a trajetória do samba-canção (1929-1958), lançado em 2017 pela Editora 34 e o Selo SESC.
Entrevista: Marcos Valle
Um dos mais importantes artistas da música brasileira, Marcos Valle celebrou em 2023 seus 80 anos de vida, sendo 60 deles dentro do mundo da música. Aclamado mundialmente e a todo vapor, segue lançando grandes álbuns e é o grande destaque na Revista Som, com uma entrevista tão grandiosa quanto sua obra.
Damon Albarn – A revolução não será animada
Mente por trás de dois dos maiores lançamentos de 2023, Damon Albarn, vocalista do Blur e mente que lidera o inovador Gorillaz, redesenha a música pop com o orgulho de fazer música para multidões sem seguir uma estética definida.
O chamado de Billy Valentine
Descoberto por Bob Thiele Jr, filho do lendário produtor responsável pelo colossal A Love Supreme, de John Coltrane, Billy Valentine sai das sombras da história e abraça suas causas em um álbum que define sua posição na história da música.
Robert Hood e Femi Kuti
Robert Hood, pilar do techno mundial e oriundo da cena de Detroit, recebeu uma tarefa ingrata. Ao lado do filho Fela Kuti, Femi, improvisar sobre James Brown. O resultado, desafiando todos prognósticos, beira o sublime. Não, você não vai encontrar Sex Machine ou os clássicos de Mr. Dynamite sendo disparados de um computador, não é essa a ideia.
Hot House – a noite de caos que salvou o jazz moderno
Lançado em comemoração dos 70 anos da gravação realizada no lendário Massey Hall, no Canadá, show que reuniu o cinco dos maiores nomes da história do gênero sai completo, com todas as gravações realizadas na noite em que a tensão dominou seus protagonistas, mas a paixão pelo jazz fez com que a apresentação entrasse de vez para a história.
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