Imaginar nomes como Bill Ward (Black Sabbath), Mickey Hart (Grateful Dead), Rick Allen (Def Leppard), Jose Pasillas (Incubus), Dave Lombardo (ex-Slayer) e Carl Palmer (ELP) estariam ligados a um único projeto musical é algo que virtualmente seria impossível musicalmente.
Donos de estilos diferentes e com seus nomes gravados na história do rock, fica difícil imaginar que tantos grandes artistas poderiam um dia dividir um palco para uma jam improvisada. O desafio foi vencido por meio do projeto The Art of Drums, onde a técnica de cada um dos nomes citados – e muitos outros – finalmente foi reunida de forma única colocando alguns dos maiores nomes da história do rock em uma galeria de arte.
Idealizado pelo coletivo americano SceneFour, o projeto se baseia em pesquisas realizadas na década de 50 pelo artista plástico Jackson Pollock, que estudou os movimentos dos bateristas da época. Um dos artistas mais elogiados do impressionismo, Pollock buscava reproduzir por meio de artes abstratas o ritmo das baquetas de bateristas de jazz e como cada movimento coordenado resultava em uma obra de arte em movimento -única como um quadro elaborado por um artista que tem em mente o que deseja fazer desde o início de sua concepção.
Apostando nesse conceito, o SceneFour resolveu dar vida ao sonho de Pollock por meio de uma mistura de cores e tecnologia, explorando a técnica e feeling de dez artistas, que seriam responsáveis pela execução de suas obras em uma sala escura. Com baquetas especiais repletas de diferentes luzes coloridas e câmeras de enorme precisão, capazes de captar todos os seus movimentos, cada músico teria a oportunidade de ver seus movimentos gravados em rastros de luz durante toda a execução da faixa.
Foi a partir desse processo criativo que o coletivo viu nascer verdadeiras obras de arte, únicas e impossíveis de serem replicadas até mesmo pelo próprio criador. Um projeto íntimo e que consolidou o sonho do pintor americano, idealizado ainda na década de 50 e inspirado no movimento de bateristas de jazz.
Durante a primeira etapa o SceneFour coletaria imagens de dez bateristas das mais diferentes vertentes musicais. Mas o sucesso de cada coleção acabou fazendo com que o The Art of Drums seguisse adiante e elevasse ainda mais esse número, tornando possível colocar lado a lado o talento de bateristas de jazz como Dave Weckl e a fúria de Dave Lombardo.
Cada coleção registrada no projeto tem um título específico e que acaba resultando em uma forma de captação diferente, resultando em obras únicas. Bill Ward, seguramente o baterista do projeto com maior know-how dentre a verdadeira legião de monstros das baquetas, registrou seu trabalho logo após a época em que acabou sendo dispensado da reunião do Black Sabbath, o que segundo o próprio acabou afetando no resultado de sua coleção, intitulada Absence Of Corners.
Já Rick Allen, lendário baterista do Def Leppard, é um dos maiores exemplos de superação do mundo da música. Mesmo tendo perdido um braço em um acidente automobilístico, registrou a série Rock on Canvas, uma das mais agressivas.
Cada músico explora os movimentos de uma forma diferente e é exatamente essa variedade que torna o projeto tão interessante. Enquanto Carl Palmer explora o ritmo da luz em seus movimentos, Dave Weckl mergulha suas baquetas em um mar de cores. E dessa forma o sonho de Jackson Pollock segue ganhando forma e explorando a técnica de cada música de uma forma nunca antes vista.
Em exposição pelos Estados Unidos e sem previsão de passagem pelo Brasil, o projeto The Art of Drums pode ser conferido na internet em toda sua totalidade no site http://theartofdrumsproject.com. É possível ver como cada coleção foi produzida e o conceito escolhido por cada artista, além do título de cada imagem captada.
A riqueza de detalhes é tamanha que fica difícil não prestar atenção naquele músico que ao fundo do palco desfila movimentos solitários. Sim, ele é o coração da banda e bate em um ritmo único.