Acompanhe nossas redes sociais

Now Reading: Titãs e a festa que nunca termina

Loading
svg
Open

Titãs e a festa que nunca termina

4 de dezembro de 20244 min read

Depois da maior turnê da música brasileira nos últimos anos, membros remanescentes do Titãs se reinventam em projeto que transita entre o acústico e o bate-papo, e novamente apresentam projeto corajoso em uma carreira que nunca pecou pela omissão.

Quando anunciou seu projeto Microfonado, Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto divulgaram a clássica Marvin com a participação Vitor Kley. Dava a entender que seria apenas uma espécie de “Acústico MTV Pt. 3” sem a participação da finada emissora. Depois de lançar Titãs Trio Acústico, de 2021, e realizar da turnê mais apoteótica do rock nacional em sua história, ficava uma sensação de fim de festa. Pode ser, mas não se engane com isso.

Microfonado é incomum, mesmo parecendo tão óbvio. Diversos convidados, formato acústico, alguns poucos clássicos e faixas do último álbum de estúdio do grupo, Olho Furta-Cor, de 2022, disco que passou totalmente em branco por bater com o início da turnê Encontro. Dirigido por Rick Bonadio, o disco aproxima os Titãs não só do público, mas de alguns dos seus melhores amigos e parceiros, como se fosse um programa, não um show. Cada faixa ganha interlúdios que em muitas vezes superam as próprias interpretações. E só você sendo de pedra para não se emocionar com Preta Gil e Branco Mello, que recentemente superaram um câncer, cantarem Como é bom ser simples.

De fato é difícil desligar a imagem de estádios cheios há pouco mais de um ano e clássicos do rock nacional, mas com uma dose de boa vontade, Microfonado é o disco de uma banda que já entregou tudo ao rock nacional e ainda assim segue arriscando. Da imensa – e intensa – ópera-rock Doze Flores Amarelas ao pesadíssimo Nheengatu, não há como negar que o hoje trio titânico nunca teve medo de ser criticado. Por isso, seu novo trabalho consegue ainda soar como algo novo, especialmente pela coragem de sacrificar metade de seu repertório por um bate-papo.

Entre convidados que passam por nomes potentes como Ney Matogrosso e Lenine, além de novos artistas como Bruna Magalhães e Cys Mendes, Microfonado atinge seu objetivo sem causar emoção com o antigo e o novo. E boa parte das baladas mais recentes, embora façam a velha guarda torcer o nariz, são certeiras para toda uma geração.

Talvez o tempo tenha sido injusto com praticamente todos os grandes nomes do rock nacional na última década. Na tentativa de mumificar cada um dos artistas e manter sua imagem intacta frente ao tempo, acabou-se ignorando a vontade de todos em criar novos trabalhos – ou formatos – novos. E isso não vale somente para artistas brasileiros.

Com uma turnê pela frente, criticar os Titãs é perda de tempo. Microfonado causa uma ótima impressão e poderia ser um talk-show, mas ainda assim consegue colocar a música em primeiro plano e mostrar que a banda segue viva, vivíssima. E tem muita história pra contar.

Anderson Oliveira

Diretor de Arte há duas décadas, fã de Grateful Dead e Jeff Beck, futuro trompetista e em constante aprendizado. Bem-vindos ao meu mundo, o Mundo de Andy.

Tagged In:#Microfonado, #Titãs,
svg

What do you think?

Show comments / Leave a comment

Leave a reply

Loading
svg